terça-feira, 5 de novembro de 2013

Prova: Língua Portuguesa

LÍNGUA PORTUGUESA - INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS, GRAMÁTICA E LITERATURA  - UPE (VESTIBULAR-2013)

Texto 1 (questões de 01 a 08)
Articulista da Forbes ironiza o status que o brasileiro dá para o automóvel
Até a americana revista Forbes anda rindo da obsessão do brasileiro em encarar o automóvel como símbolo de status. No último sábado, o blog do colaborador Kenneth Rapoza, especialista nos chamados Bric´s (Brasil, Rússia, Índia e China), trouxe um artigo intitulado “O Jeep Grand Cherokee de ridículos 80 mil dólares do Brasil”. A tese do artigo: os brasileiros confundem qualidade com preço alto e se dispõem a pagar 189 mil reais (89.500 dólares) por um carro desses que, nos Estados Unidos, é só mais um carro comum. Por esse preço, ironiza Rapoza, “seria possível comprar três Grand Cherokees se esses brasileiros vivessem em Miami junto de seus amigos.
O articulista lembra que a Chrysler lançará o Dodge Durango SUV, que nos Estados Unidos custa 54 mil reais, no Salão do Automóvel de São Paulo por 190 mil reais. “Um professor de escola primária do Bronx pode comprar um Durango. Ok, não um zero quilômetro, mas um de dois ou três anos, absolutamente bem conservado”, exemplifica, para mostrar que o carro supostamente não vale o quanto custa no País.
 O autor salienta que o alto custo ocorre por conta da taxação de 50% em produtos importados e da ingenuidade do consumidor que acredita que um Cherokee tem o mesmo valor que um BMW X5 só porque tem o mesmo preço. “Desculpem, ‘Brazukas’, mas não há nenhum status em um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand ou Dodge Durango. Não sejam enganados pelo preço de etiqueta. Vocês definitivamente estão sendo roubados.”
E conclui o artigo: “Pensando dessa maneira, imagine que um amigo americano contasse que acabou de comprar um par de Havaianas de 150 dólares. Você diria que ele pagou demais. É claro que esses chinelos são sexy e chic, mas não valem 150 dólares.
Quando o assunto é carro e seu status no Brasil, as camadas mais altas estão servindo Pitu e 51 em suas caipirinhas e pensando que é bebida de alta qualidade.”
Disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/articulista-da-forbes-ironiza-o-status-que-o-brasileiro-da-para-o-automovel. (Adaptado)

01. No processo de construção do Texto 1, o autor optou por
A) atenuar a própria voz e dar destaque ao ponto de vista adotado pelo articulista da revista Forbes.
B) apresentar uma perspectiva francamente oposta à opinião do autor do artigo comentado.
C) discordar do modo como os norte-americanos analisam a legislação tributária brasileira.
D) fomentar uma discussão acerca dos valores capitalistas versus os valores socialistas.
E) trazer ao público leitor do seu texto uma abordagem agressiva e espontânea do tema.
02. Também sobre as estratégias utilizadas na construção e organização do Texto 1, analise as proposições a seguir.
I. A intertextualidade explícita é recurso fundamental na construção do Texto 1, o qual cita, do início ao fim, um artigo publicado na revista Forbes.
II. O uso de aspas é recorrente no Texto 1, a fim de ironizar o ponto de vista defendido no artigo da revista Forbes.
III. A tese defendida no artigo da revista Forbes é sustentada no Texto 1 pela apresentação de vários argumentos, dos quais muitos são diferentes dos que se encontravam no artigo.
IV. O fato de o automóvel ser símbolo de status no Brasil é evocado, logo no início do Texto 1, como conhecimento prévio e aparentemente consensual.
V. Por constituir um resumo de um texto prévio, não se pode dizer qual o posicionamento do Texto 1 em relação ao tema que aborda.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I e II.     B) I e IV.     C) II e V.     D) III e IV.     E) I, III e V.
03. Entre os recursos expressivos empregados no Texto 1 a fim de reforçar a linha argumentativa adotada, destaca-se a analogia, exemplificada no trecho:
A) “Até a americana revista Forbes anda rindo da obsessão do brasileiro em encarar o automóvel como símbolo de status.” (1º parágrafo)
B) “os brasileiros confundem qualidade com preço alto e se dispõem a pagar 189 mil reais (89.500 dólares) por um carro (...).” (1º parágrafo)
C) “O autor salienta que o alto custo ocorre por conta da taxação de 50% em produtos importados e da ingenuidade do consumidor (...).” (3º parágrafo)
D) “Não sejam enganados pelo preço de etiqueta. Vocês definitivamente estão sendo roubados.” (3º parágrafo)
E) “Quando o assunto é carro e seu status no Brasil, as camadas mais altas estão servindo Pitu e 51 em suas caipirinhas e pensando que é bebida de alta qualidade.” (4º parágrafo)
04. No trecho “Pensando dessa maneira” (4º parágrafo), a “maneira” à qual o autor se refere aparece transcrita no trecho:
A) “não há nenhum status em um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand ou Dodge Durango”. (3ºparágrafo)
B) “um Cherokee tem o mesmo valor que um BMW X5 só porque tem o mesmo preço”. (3º parágrafo)
C) “o alto custo ocorre por conta da taxação de 50% em produtos importados”. (3º parágrafo)
D) “um professor de escola primária do Bronx pode comprar um Durango usado”. (2º parágrafo)
E) “a Chrysler lançará o Dodge Durango SUV (...) no Salão do Automóvel de São Paulo por 190 mil reais”. (2º parágrafo)
05. Ao longo do Texto 1, relações semânticas e coesivas são construídas por diferentes tipos de expressões conectivas e sequenciadoras. Sobre esse aspecto, analise as proposições a seguir.
I. A preposição “Até” (1º parágrafo) sugere exclusividade no que tange ao posicionamento da revista Forbes sobre o status do automóvel para o brasileiro.
II. A preposição “para” (2º parágrafo) introduz o propósito, a finalidade do exemplo trazido pelo articulista Kenneth Rapoza.
III. A expressão “só porque” (3º parágrafo) estabelece uma relação de causa e consequência entre as partes do texto que conecta.
IV. A conjunção “mas” (3º parágrafo) explicita uma oposição a um fato do senso comum brasileiro, ironicamente desacreditado pelo articulista da Forbes.
V. Embora resida na conjunção “Quando” (4º parágrafo) um sentido temporal, nesse contexto, a relação configurada é espacial, pois se compara o Brasil a outros países.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I, II e III.      B) I, III e IV.      C) I e V.      D) II, III e IV.       E) II, IV e V.
06. Quanto aos aspectos morfológicos e semânticos do vocabulário empregado no Texto 1, analise as proposições a seguir.
I. O sufixo utilizado na formação da palavra “articulista” (2º parágrafo) tem o mesmo valor semântico daqueles presentes em palavras como “motorista” e “equilibrista”.
II. O emprego do advérbio “supostamente” (2º parágrafo) invalida o argumento contido no trecho entre aspas no parágrafo.
III. A forma verbal “salienta” (3º parágrafo), que serve para introduzir mais um comentário da revista Forbes, poderia ser substituída por “diz” sem nenhum prejuízo semântico ao trecho.
IV. A formalidade da expressão “Brazucas” (3º parágrafo), em referência aos brasileiros, é legítima, tendo em vista se tratar de um texto da mídia impressa que prima pelo padrão formal da língua.
V. A palavra “camadas” (4º parágrafo), no contexto em que aparece no Texto 1, poderia ser substituída por “classes” ou “grupos”, sem substanciais mudanças de sentido.
Estão CORRETAS, apenas,
A)     I, II e IV.      B) I e V.      C) II e IV.      D) II, III e V.      E) III, IV e V.
07. A reiteração de palavras é um procedimento bastante importante para a garantia da coesão e progressão das ideias do texto. Nesse sentido, exemplificam uma retomada por hiperonímia as seguintes expressões:
A) “um artigo” e “do artigo” (1º parágrafo).
B) “os brasileiros” e “esses brasileiros” (1º parágrafo).
C) “O articulista” (2º parágrafo) e “O autor” (3º parágrafo).
D) “um par de Havaianas” e “esses chinelos” (4º parágrafo).
E) “Pitu” e “caipirinhas” (4º parágrafo).
08. No trecho “O articulista lembra que a Chrysler lançará o Dodge Durango SUV, que nos Estados Unidos custa 54 mil reais, no Salão do Automóvel de São Paulo por 190 mil reais.” (2º parágrafo), a oração em destaque
A) compara duas ideias.
B) apresenta a consequência de um fato anterior.
C) insere uma explicação.
D) opõe duas afirmações.
E) estabelece uma restrição.

Texto 2 (questão 09)










Disponível: http://3.bp.blogspot.com/_PksBd3Qwx2w/SNnnFX1L_I/AAAAAAAAABA/Duutv9myi28/s1600/consumismo+charge.jpg
09. A leitura adequada do Texto 2 nos permite afirmar CORRETAMENTE que
I. a compreensão do cartoon só se efetiva se o leitor considera cada quadro separadamente.
II. as cenas se apresentam em uma relação de contraste que é bem marcada nos seus elementos não verbais e verbais.
III. na observação de cada quadro em separado, é possível verificar uma harmonização entre a palavra e a figura
correspondente.
IV. a relação antonímica que se estabelece entre os textos verbais de cada quadro se apresenta também nas duas figuras humanas.
V. se pode depreender, em ambas as cenas, uma contradição entre o texto verbal e o seu correspondente não verbal.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I, II e III.      B) I, III e IV.      C) II, III e IV.      D) II, IV e V.      E) III, IV e V.

Texto 3 (questão 10)




 





QUINO. Toda Mafalda: da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
10. A compreensão do Texto 3 nos permite afirmar CORRETAMENTE:
A) de modo sarcástico e bem-humorado, o texto critica a programação da televisão, a qual incentiva maus hábitos nas crianças.
B) valendo-se do recurso da ironia, o texto defende que a felicidade pode ser encontrada em coisas simples do dia a dia, como passar desodorante ou comer salsicha.
C) o texto faz uma crítica bem-humorada à relação de dependência entre felicidade e consumismo, incitada  em demasia pela publicidade televisiva.
D) ao mostrar as dúvidas da criança quanto ao conteúdo veiculado na TV, o texto critica a omissão da televisão no que diz respeito à educação infantil.
E) o texto consiste numa metáfora do homem contemporâneo, que consegue lidar com uma gama variada de informações simultaneamente.

Texto 4 (questão 11)

 Casamento
Adélia Prado

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Disponível em: (http://www.jornaldepoesia.jor.br/ad01.html#casa)
11. Analise as afirmativas a seguir sobre o poema de Adélia Prado:
I. No poema, o eu lírico traz à tona a relação marido e mulher, fazendo notar que, nesse tipo de relação, há sempre a sobreposição de um em detrimento da posição do outro. Isso se explicita quando o eu lírico assinala “Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes.”
II. Em “Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva”, a afirmação do eu lírico sobre o que ocorre com o casal em determinado momento de suas vidas propõe que o leitor reflita sobre a fragilidade do amor nos dias atuais e sobre a fragilidade do casamento desde todo o sempre.
III. No filme “A Hora da Estrela”, Susana Amaral, a diretora assim como Adélia Prado, no poema “Casamento”, tratam sobre problemáticas da condição humana. No poema de Adélia, o trecho “O silêncio de quando nos vimos pela primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo”, entretanto se distancia dessa discussão.
IV. Algumas poesias contemporâneas, aqui exemplificadas pelo poema “Casamento”, embora tenham uma estrutura métrica pouco rígida quando comparadas a um soneto clássico, por exemplo, possuem, em termos estéticos, valor considerável.
V. Assim como no poema de Adélia Prado, no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, podemos afirmar que o tema amor é tratado. No poema, isso se explicita quando o eu lírico anuncia que sempre está disposto a agir em parceria com o marido.
Está CORRETO o que se afirma em
A)     I e II.     B) I e III.     C) II e III.     D) III e IV.     E) IV e V.

Texto 5 (questão 12)
Dom Casmurro
Machado de Assis   

CAPÍTULO PRIMEIRO / DO TÍTULO
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
— Continue, disse eu acordando.
— Já acabei, murmurou ele.
— São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: "Dom Casmurro, domingo vou jantar com você." — "Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renania; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo." — "Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça."
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração — se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo, Editora Ática, 2001.
12. Dom Casmurro é um livro muito conhecido de Machado de Assis e serve-nos aqui para que tratemos um pouco sobre a Escola Literária Realismo. A seguir, analise as afirmativas que seguem:
I. Dom Casmurro é um romance que representa, em termos estéticos, uma escola literária cuja fundamentação central é menos o subjetivismo romântico e mais o objetivismo científico, pregado pelas teorias racionalistas da época. II. No texto de Machado de Assis, existem indícios de que o narrador não se opõe ao apelido que lhe foi dado, entretanto, pelo que também se pode perceber, o narrador conceitua “Casmurro” de modo diferenciado do significado que o tornou comum.
III. O Realismo brasileiro tem em Machado de Assis um expressivo representante, todavia Dom Casmurro não é, isso fica evidente no trecho analisado, um exemplo adequado do pensamento racionalista que fundamentou o discurso de August Comte.
IV. Como se pode perceber no trecho em análise, existe a intenção do narrador de conversar com o leitor de modo que o leitor fique sabendo de pormenores sobre como se deu a alcunha “Dom Casmurro” e de como tal alcunha não é relevante para o livro como um todo.
V. A estética realista assim como a estética barroca não se prendem aos princípios defendidos pelas teorias de Descartes e de Newton. A estética realista assim como a estética barroca propõem que o texto seja denso, tenso e repleto de símbolos, e isso se percebe no trecho analisado.

Está CORRETO o que se afirma em
A) I e II.      B) I e III.      C) II e III.      D) III e IV.      E) IV e V.

Texto 6 (questão 13)
Uns Versos
(Adriana Calcanhotto)

Sou sua noite, sou seu quarto
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como um silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo
Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em claro,
Um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele
O seu casaco
Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelo pelo seu itinerário
Sou eu o seu paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo
[Fonograma de “Público” sincronizado na trilha do filme “Minha vida em suas mãos”, de Maria Zilda Betthlen]. Editora
Minha Música.
13. Na letra da música, composta por Adriana Calcanhotto, a linguagem está no seu estado figurado. A figuração da linguagem anuncia que a palavra possui uma pluralidade de sentidos que lhe confere a condição de polissêmica. Desse modo, analise as afirmativas a seguir sobre as especificidades do texto literário:
I. O texto literário possui, em razão de sua natureza polissêmica, aspectos estéticos pouco relevantes para o leitor crítico, visto que o leitor crítico não coaduna com linguagens figuradas e polifônicas.
II. A primeira estrofe do texto de Calcanhotto vai de encontro, em termos de figuração da linguagem, ao seguinte verso, escrito pelo poeta Manoel de Barros, “Hoje eu desenho o cheiro das árvores.”
III. Na música de Calcanhotto, as palavras, embora estejam grafadas de modo dicionarizado, assumem sentidos que estão para além do dicionário. Esta situação é intencional da compositora.
IV. O texto literário se diferencia do texto não literário, todavia, mesmo com diferenças relevantes, ambos possuem importante função no campo das comunicações humanas.
V. Calcanhotto, ciente de que fazer música é a mesma coisa que fazer um texto dissertativo, demonstra, nos versos de “Uns versos”, que sua preocupação é menos com o estético e mais com o funcional uso das palavras.
É CORRETO o que se afirma em
A) I e II.     B) I e III.     C) II e III.     D) III e IV.     E) IV e V.

Texto 7 (questão 14)

Anjo no nome, Angélica na cara
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Gregório de Matos

Texto 8 (questão 14)

Ora pois, doce amigo, vou pintá-lo
Da sorte que o topei a vez primeira;
(...)
Tem pesado semblante, a cor é baça
O corpo de estatura um tanto esbelta
Feições compridas e olhadura feia;
Tem grossas sobrancelhas, testa curta,
Nariz direito e grande, fala pouco
Em rouco, baixo som de mau falsete;
Sem ser velho, já tem cabelo ruço,
E cobre este defeito e fria calva
À força de polvilho, que lhe deita.
Ainda me parece que o estou vendo
No gordo rocinante escarranchado!
As longas calças pelo umbigo atadas,
Amarelo colete e sobre tudo
Vestida uma vermelha e justa farda.
De cada bolso da fardeta pendem
Listadas pontas de dois brancos lenços
(Cartas Chilenas)
14. O texto 7 é um poema de Gregório de Matos, pertencente à estética barroca; já o texto 8 faz parte das Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, essas produzidas no período literário do Arcadismo brasileiro. Considerando os fragmentos citados, bem como os aspectos estéticos e históricos dessas cartas, e do poema, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
A) Gregório de Matos, por se submeter aos padrões estéticos barrocos, afastou-se da tradição poética satírica, que marcou o século XVI, já Tomás Antônio Gonzaga se aproximou da sátira barroca por seguir a mesma linha de Gregório, que criticava apenas os religiosos baianos do século XVI.
B) Gregório e Gonzaga revelam, nesses textos de caráter religioso, um comportamento conflitante idêntico àquele manifestado por Gil Vicente em seu Auto da Barca do Inferno, texto dramático representante da lírica renascentista espanhola.
C) Teocêntrico convicto, Gregório nega os valores antropocêntricos do Renascimento brasileiro, endossando os princípios da Contra Reforma. Gonzaga, por sua vez, como fiel antropocêntrico, critica o homem, tal como se vê nos versos do poema em questão.
D) A poesia lírico-amorosa, de Gregório, compõe uma expressão literária multifacetada, reflexo dos contrastes ideológicos que marcaram o século XVII. Já a poesia de Gonzaga utiliza-se de um forte teor irônico-satírico para traçar o perfil de Cunha Meneses, governo de Minas Gerais à época árcade.
E) Gregório de Matos foi o divulgador, aqui no Brasil, da mais alta expressão da lírica trovadoresca ao produzir não só cantigas satíricas como também cantigas de amor e de amigo, e Gonzaga foi seu fiel seguidor nesse processo.
15. Analise as afirmativas a seguir sobre os aspectos estéticos e históricos de autores e as obras representantes da literatura modernista.
I. Uma das características da lírica de Manuel Bandeira é a reflexão acerca da vida, que ocorre também quando o autor trata de suas memórias de criança, o que se vê em alguns de seus poemas, como: “Quando eu tinha seis anos/ Ganhei um porquinho-da-índia./ Que dor de coração me dava/Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!”. Além desse traço, Bandeira realiza discussão do próprio fazer poético, que se pode ver em:“ Estou farto do lirismo comedido”.
II. Poeta modernista brasileiro, que se valeu também das conquistas dos escritores da primeira fase, de profunda densidade emocional em sua forma, Drummond utilizou-se ainda da ironia para transitar entre as fases gauche, social e universal, registrando as dores do homem, como se observa em: “Meu Deus, por que me abandonaste/se sabias que eu não era Deus,/ se sabias que eu era fraco.”
III. A seca do Nordeste brasileiro é tema recorrente nas obras de alguns escritores, como José Lins do Rego, Rachel de Queirós, além de Graciliano Ramos, com seu Vidas Secas, e João Cabral de Melo Neto, com seu auto natalino Morte e Vida Severina. Porém, desses autores, apenas Cabral apresenta um desfecho otimista acerca do problema quando conclui seu poema com o nascimento de uma criança.
IV. Guimarães Rosa construiu uma obra de caráter essencialmente regionalista, com descrições verossimilhantes de espaços e figuras da região de Minas Gerais, como se pode ver em seu Primeiras Histórias, livro de crônicas, que também trata de uma das principais marcas do autor – os neologismos – a exemplo de “Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável?
É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?”
V. Nelson Rodrigues foi autor de crônicas, contos, folhetins, comentários esportivos e artigos opinativos e, principalmente, escritor de peças teatrais, como “ Vestido de noiva”. Em sua dramaturgia, explorou a vida cotidiana do subúrbio, incestos, crimes, suicídios, personagens beirando a loucura, inflamadas de desejos e agindo apaixonadamente, até matando, e diálogos rápidos, diretos, quase telegráficos, carregados de tragédia e humor. 
Estão CORRETAS, apenas,
A) I e II.      B) II e III.      C) II, III e IV.      D) I, II, IV e V.       E) I, II, III e V.
16. Os estudos literários sobre o Romantismo são bem expressivos em todo o Ocidente.
No Brasil, autores, como Castro Alves e José de Alencar, importantes representantes dessa escola, escreveram obras as quais propõem reflexões acerca dos costumes e dos hábitos da sociedade brasileira, que vivenciou e materializou as bases ideológicas fundamentadoras de algumas das problemáticas românticas: subjetivismo, egocentrismo, nacionalismo, liberdade de expressão. Considerando o que se disse, assinale a alternativa CORRETA.
A) Os autores românticos brasileiros foram influenciados pela leitura de autores clássicos os quais defendiam ideias atreladas ao modo de governo pregado e defendido pelos monarcas da época, mais precisamente pela chamada Monarquia Inglesa.
B) No Brasil, o Romantismo literário expressa a vontade de continuidade política e social da juventude da
época, visto que essa juventude entendia que mudança era motivo de risco e de perigo para que precisava avançar nos aspectos individuais e coletivos.
C) De acordo com os estudos literários brasileiros, o Romantismo é uma escola que possui fases distintas – tanto nos versos como na ficção – e traduz, de maneira contundente, a condição humana no que ela se diferencia das bases defendidas, tempos depois, pelos teóricos positivistas.
D) O índio brasileiro está muito bem retratado nos textos escritos pelos autores românticos brasileiros. Uma breve análise, por exemplo, do romance Iracema, é possível que percebamos quão José de Alencar foi fidedigno aos traços físicos e ao temperamento das etnias dos povos indígenas brasileiros.
E) Castro Alves, por razões históricas e sociais, por defender ideias tradicionalistas no campo da temática escravidão, produziu “Navio Negreiro” e, nessa produção, conseguiu, em consonância com as ideologias de José de Alencar, deixar claro o seu pensamento antiabolicionista.




CONFIRA SUAS RESPOSTAS
01.A     02.B     03.E     04.B     05.D     06.B     07.D     08.C
09.D     10.C     11.E     12.A     13.D     14.D     15.E      16.C




Nenhum comentário:

Postar um comentário