LÍNGUA PORTUGUESA - INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS, GRAMÁTICA E
LITERATURA - UPE (VESTIBULAR-2013)
Texto 1 (questões de 01 a 08)
Articulista da Forbes ironiza o
status que o brasileiro dá para o automóvel
Até a americana revista Forbes
anda rindo da obsessão do brasileiro em encarar o automóvel como símbolo de
status. No último sábado, o blog do colaborador Kenneth Rapoza, especialista
nos chamados Bric´s (Brasil, Rússia, Índia e China), trouxe um artigo intitulado
“O Jeep Grand Cherokee de ridículos 80 mil dólares do Brasil”. A tese do
artigo: os brasileiros confundem qualidade com preço alto e se dispõem a pagar
189 mil reais (89.500 dólares) por um carro desses que, nos Estados Unidos, é
só mais um carro comum. Por esse preço, ironiza Rapoza, “seria possível comprar
três Grand Cherokees se esses brasileiros vivessem em Miami junto de seus
amigos.
O articulista lembra que a
Chrysler lançará o Dodge Durango SUV, que nos Estados Unidos custa 54 mil
reais, no Salão do Automóvel de São Paulo por 190 mil reais. “Um professor de
escola primária do Bronx pode comprar um Durango. Ok, não um zero quilômetro,
mas um de dois ou três anos, absolutamente bem conservado”, exemplifica, para
mostrar que o carro supostamente não vale o quanto custa no País.
O autor salienta que o alto custo ocorre por
conta da taxação de 50% em produtos importados e da ingenuidade do consumidor
que acredita que um Cherokee tem o mesmo valor que um BMW X5 só porque tem o
mesmo preço. “Desculpem, ‘Brazukas’, mas não há nenhum status em um Toyota
Corolla, Honda Civic, Jeep Grand ou Dodge Durango. Não sejam enganados pelo
preço de etiqueta. Vocês definitivamente estão sendo roubados.”
E conclui o artigo: “Pensando
dessa maneira, imagine que um amigo americano contasse que acabou de comprar um
par de Havaianas de 150 dólares. Você diria que ele pagou demais. É claro que
esses chinelos são sexy e chic, mas não valem 150 dólares.
Quando o assunto é carro e seu
status no Brasil, as camadas mais altas estão servindo Pitu e 51 em suas
caipirinhas e pensando que é bebida de alta qualidade.”
Disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/articulista-da-forbes-ironiza-o-status-que-o-brasileiro-da-para-o-automovel.
(Adaptado)
01. No processo de construção do
Texto 1, o autor optou por
A) atenuar a própria voz e dar destaque ao ponto de
vista adotado pelo articulista da revista Forbes.
B) apresentar uma perspectiva francamente oposta à
opinião do autor do artigo comentado.
C) discordar do modo como os norte-americanos
analisam a legislação tributária brasileira.
D) fomentar uma discussão acerca dos valores
capitalistas versus os valores socialistas.
E) trazer ao público leitor do seu texto uma
abordagem agressiva e espontânea do tema.
02. Também sobre as estratégias
utilizadas na construção e organização do Texto 1, analise as proposições a
seguir.
I. A intertextualidade explícita
é recurso fundamental na construção do Texto 1, o qual cita, do início ao fim,
um artigo publicado na revista Forbes.
II. O uso de aspas é recorrente
no Texto 1, a fim de ironizar o ponto de vista defendido no artigo da revista
Forbes.
III. A tese defendida no artigo
da revista Forbes é sustentada no Texto 1 pela apresentação de vários
argumentos, dos quais muitos são diferentes dos que se encontravam no artigo.
IV. O fato de o automóvel ser
símbolo de status no Brasil é evocado, logo no início do Texto 1, como
conhecimento prévio e aparentemente consensual.
V. Por constituir um resumo de um
texto prévio, não se pode dizer qual o posicionamento do Texto 1 em relação ao
tema que aborda.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I e II. B) I e IV. C) II e V. D) III e IV. E) I, III e V.
03. Entre os recursos expressivos
empregados no Texto 1 a fim de reforçar a linha argumentativa adotada,
destaca-se a analogia, exemplificada no trecho:
A) “Até a americana revista
Forbes anda rindo da obsessão do brasileiro em encarar o automóvel como símbolo
de status.” (1º parágrafo)
B) “os brasileiros confundem
qualidade com preço alto e se dispõem a pagar 189 mil reais (89.500 dólares)
por um carro (...).” (1º parágrafo)
C) “O autor salienta que o alto
custo ocorre por conta da taxação de 50% em produtos importados e da ingenuidade
do consumidor (...).” (3º parágrafo)
D) “Não sejam enganados pelo
preço de etiqueta. Vocês definitivamente estão sendo roubados.” (3º parágrafo)
E) “Quando o assunto é carro e
seu status no Brasil, as camadas mais altas estão servindo Pitu e 51 em suas
caipirinhas e pensando que é bebida de alta qualidade.” (4º parágrafo)
04. No trecho “Pensando dessa
maneira” (4º parágrafo), a “maneira” à qual o autor se refere aparece
transcrita no trecho:
A) “não há nenhum status em um
Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand ou Dodge Durango”. (3ºparágrafo)
B) “um Cherokee tem o mesmo valor
que um BMW X5 só porque tem o mesmo preço”. (3º parágrafo)
C) “o alto custo ocorre por conta
da taxação de 50% em produtos importados”. (3º parágrafo)
D) “um professor de escola
primária do Bronx pode comprar um Durango usado”. (2º parágrafo)
E) “a Chrysler lançará o Dodge
Durango SUV (...) no Salão do Automóvel de São Paulo por 190 mil reais”. (2º
parágrafo)
05. Ao longo do Texto 1, relações
semânticas e coesivas são construídas por diferentes tipos de expressões
conectivas e sequenciadoras. Sobre esse aspecto, analise as proposições a
seguir.
I. A preposição “Até” (1º parágrafo) sugere exclusividade no que tange ao posicionamento da revista
Forbes sobre o status do automóvel para o brasileiro.
II. A preposição “para” (2º
parágrafo) introduz o propósito, a finalidade do exemplo trazido pelo
articulista Kenneth Rapoza.
III. A expressão “só porque” (3º
parágrafo) estabelece uma relação de causa e consequência entre as partes do texto
que conecta.
IV. A conjunção “mas” (3º
parágrafo) explicita uma oposição a um fato do senso comum brasileiro,
ironicamente desacreditado pelo articulista da
Forbes.
V. Embora resida na conjunção
“Quando” (4º parágrafo) um sentido temporal, nesse contexto, a relação
configurada é espacial, pois se compara o Brasil a outros países.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I, II e III. B) I, III e IV. C) I e V. D) II, III e IV. E) II, IV e V.
06. Quanto aos aspectos
morfológicos e semânticos do vocabulário empregado no Texto 1, analise as
proposições a seguir.
I. O sufixo utilizado na formação
da palavra “articulista” (2º parágrafo) tem o mesmo valor semântico daqueles
presentes em palavras como “motorista” e “equilibrista”.
II. O emprego do advérbio
“supostamente” (2º parágrafo) invalida o argumento contido no trecho entre
aspas no parágrafo.
III. A forma verbal “salienta”
(3º parágrafo), que serve para introduzir mais um comentário da revista Forbes,
poderia ser substituída por “diz” sem nenhum prejuízo semântico ao trecho.
IV. A formalidade da expressão
“Brazucas” (3º parágrafo), em referência aos brasileiros, é legítima, tendo em
vista se tratar de um texto da mídia impressa que prima pelo padrão formal da
língua.
V. A palavra “camadas” (4º
parágrafo), no contexto em que aparece no Texto 1, poderia ser substituída por
“classes” ou “grupos”, sem substanciais mudanças de sentido.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I, II e IV. B) I e
V. C) II e IV. D) II, III e V. E) III, IV e V.
07. A reiteração de palavras é um
procedimento bastante importante para a garantia da coesão e progressão das
ideias do texto. Nesse sentido, exemplificam uma retomada por hiperonímia as
seguintes expressões:
A) “um artigo” e “do artigo” (1º
parágrafo).
B) “os brasileiros” e “esses
brasileiros” (1º parágrafo).
C) “O articulista” (2º parágrafo)
e “O autor” (3º parágrafo).
D) “um par de Havaianas” e “esses
chinelos” (4º parágrafo).
E) “Pitu” e “caipirinhas” (4º
parágrafo).
08. No trecho “O articulista
lembra que a Chrysler lançará o Dodge Durango SUV, que nos Estados Unidos custa
54 mil reais, no Salão do Automóvel de São Paulo por 190 mil reais.” (2º
parágrafo), a oração em destaque
A) compara duas ideias.
B) apresenta a consequência de um
fato anterior.
C) insere uma explicação.
D) opõe duas afirmações.
E) estabelece uma restrição.
Texto 2 (questão 09)
Disponível: http://3.bp.blogspot.com/_PksBd3Qwx2w/SNnnFX1L_I/AAAAAAAAABA/Duutv9myi28/s1600/consumismo+charge.jpg
09. A leitura adequada do Texto 2
nos permite afirmar CORRETAMENTE que
I. a compreensão do cartoon só se
efetiva se o leitor considera cada quadro separadamente.
II. as cenas se apresentam em uma
relação de contraste que é bem marcada nos seus elementos não verbais e
verbais.
III. na observação de cada quadro
em separado, é possível verificar uma harmonização entre a palavra e a figura
correspondente.
IV. a relação antonímica que se
estabelece entre os textos verbais de cada quadro se apresenta também nas duas
figuras humanas.
V. se pode depreender, em ambas
as cenas, uma contradição entre o texto verbal e o seu correspondente não
verbal.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I, II e III. B) I, III e IV. C) II, III e IV. D) II, IV e V. E) III, IV e V.
Texto 3 (questão 10)
QUINO. Toda Mafalda: da primeira
à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
10. A compreensão do Texto 3 nos
permite afirmar CORRETAMENTE:
A) de modo sarcástico e
bem-humorado, o texto critica a programação da televisão, a qual incentiva maus
hábitos nas crianças.
B) valendo-se do recurso da
ironia, o texto defende que a felicidade pode ser encontrada em coisas simples
do dia a dia, como passar desodorante ou comer salsicha.
C) o texto faz uma crítica
bem-humorada à relação de dependência entre felicidade e consumismo,
incitada em demasia pela publicidade
televisiva.
D) ao mostrar as dúvidas da
criança quanto ao conteúdo veiculado na TV, o texto critica a omissão da
televisão no que diz respeito à educação infantil.
E) o texto consiste numa metáfora
do homem contemporâneo, que consegue lidar com uma gama variada de informações
simultaneamente.
Texto 4 (questão 11)
Adélia Prado
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar,
pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite
me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar
e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na
cozinha,
de vez em quando os cotovelos se
esbarram,
ele fala coisas como "este
foi difícil"
"prateou no ar dando
rabanadas"
e faz o gesto com a mão
O silêncio de quando nos vimos a
primeira vez
atravessa a cozinha como um rio
profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Disponível em:
(http://www.jornaldepoesia.jor.br/ad01.html#casa)
11. Analise as afirmativas a
seguir sobre o poema de Adélia Prado:
I. No poema, o eu lírico traz à
tona a relação marido e mulher, fazendo notar que, nesse tipo de relação, há
sempre a sobreposição de um em detrimento da posição do outro. Isso se
explicita quando o eu lírico assinala “Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.”
II. Em “Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva”, a afirmação do eu lírico sobre o que ocorre com o casal
em determinado momento de suas vidas propõe que o leitor reflita sobre a
fragilidade do amor nos dias atuais e sobre a fragilidade do casamento desde
todo o sempre.
III. No filme “A Hora da
Estrela”, Susana Amaral, a diretora assim como Adélia Prado, no poema
“Casamento”, tratam sobre problemáticas da condição humana. No poema de Adélia,
o trecho “O silêncio de quando nos vimos pela primeira vez atravessa a cozinha
como um rio profundo”, entretanto se distancia dessa discussão.
IV. Algumas poesias
contemporâneas, aqui exemplificadas pelo poema “Casamento”, embora tenham uma
estrutura métrica pouco rígida quando comparadas a um soneto clássico, por exemplo,
possuem, em termos estéticos, valor considerável.
V. Assim como no poema de Adélia
Prado, no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, podemos afirmar que o tema amor
é tratado. No poema, isso se explicita quando o eu lírico anuncia que sempre
está disposto a agir em parceria com o marido.
Está CORRETO o que se afirma em
A) I e II. B) I e
III. C) II e III. D) III e IV. E) IV e V.
Texto 5 (questão 12)
Dom Casmurro
Machado de Assis
CAPÍTULO PRIMEIRO / DO TÍTULO
Uma noite destas, vindo da cidade
para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que
eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou
da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu
estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele
interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
— Continue, disse eu acordando.
— Já acabei, murmurou ele.
— São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para
tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia
seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom
Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados,
deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a
anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em
bilhetes: "Dom Casmurro, domingo vou jantar com você." — "Vou
para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renania; vê se deixas essa
caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo." —
"Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e
dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe
dou moça."
Não consultes dicionários.
Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo
de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos
de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a
minha narração — se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo.
O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno
esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que
apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro.
São Paulo, Editora Ática, 2001.
12. Dom Casmurro é um livro muito
conhecido de Machado de Assis e serve-nos aqui para que tratemos um pouco sobre
a Escola Literária Realismo. A seguir, analise as afirmativas que seguem:
I. Dom Casmurro é um romance que
representa, em termos estéticos, uma escola literária cuja fundamentação
central é menos o subjetivismo romântico e mais o objetivismo científico,
pregado pelas teorias racionalistas da época. II. No texto de Machado de Assis,
existem indícios de que o narrador não se opõe ao apelido que lhe foi dado,
entretanto, pelo que também se pode perceber, o narrador conceitua “Casmurro”
de modo diferenciado do significado que o tornou comum.
III. O Realismo brasileiro tem em
Machado de Assis um expressivo representante, todavia Dom Casmurro não é, isso
fica evidente no trecho analisado, um exemplo adequado do pensamento
racionalista que fundamentou o discurso de August Comte.
IV. Como se pode perceber no
trecho em análise, existe a intenção do narrador de conversar com o leitor de
modo que o leitor fique sabendo de pormenores sobre como se deu a alcunha “Dom
Casmurro” e de como tal alcunha não é relevante para o livro como um todo.
V. A estética realista assim como
a estética barroca não se prendem aos princípios defendidos pelas teorias de
Descartes e de Newton. A estética realista assim como a estética barroca
propõem que o texto seja denso, tenso e repleto de símbolos, e isso se percebe
no trecho analisado.
Está CORRETO o que se afirma em
A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) III e IV. E) IV e V.
Texto 6 (questão 13)
Uns Versos
(Adriana Calcanhotto)
Sou sua noite, sou seu quarto
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como um silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo
Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em
claro,
Um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele
O seu casaco
Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelo pelo seu
itinerário
Sou eu o seu paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo
[Fonograma de “Público”
sincronizado na trilha do filme “Minha vida em suas mãos”, de Maria Zilda
Betthlen]. Editora
Minha Música.
13. Na letra da música, composta
por Adriana Calcanhotto, a linguagem está no seu estado figurado. A figuração
da linguagem anuncia que a palavra possui uma pluralidade de sentidos que lhe
confere a condição de polissêmica. Desse modo, analise as afirmativas a seguir
sobre as especificidades do texto literário:
I. O texto literário possui, em
razão de sua natureza polissêmica, aspectos estéticos pouco relevantes para o
leitor crítico, visto que o leitor crítico não coaduna com linguagens figuradas
e polifônicas.
II. A primeira estrofe do texto
de Calcanhotto vai de encontro, em termos de figuração da linguagem, ao seguinte
verso, escrito pelo poeta Manoel de Barros, “Hoje eu desenho o cheiro das
árvores.”
III. Na música de Calcanhotto, as
palavras, embora estejam grafadas de modo dicionarizado, assumem sentidos que
estão para além do dicionário. Esta situação é intencional da compositora.
IV. O texto literário se
diferencia do texto não literário, todavia, mesmo com diferenças relevantes,
ambos possuem importante função no campo das comunicações humanas.
V. Calcanhotto, ciente de que
fazer música é a mesma coisa que fazer um texto dissertativo, demonstra, nos
versos de “Uns versos”, que sua preocupação é menos com o estético e mais com o
funcional uso das palavras.
É CORRETO o que se afirma em
A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) III e IV. E) IV e V.
Texto 7 (questão 14)
Anjo no nome, Angélica na cara
Isso é ser flor, e Anjo
juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo
florente,
em quem, senão em vós se
uniformara?
Quem veria uma flor, que a não
cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não
idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus
altares,
Fôreis o meu custódio, e minha
guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão
galharda,
Posto que os Anjos nunca dão
pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me
guarda.
Gregório de Matos
Texto 8 (questão 14)
Ora pois, doce amigo, vou
pintá-lo
Da sorte que o topei a vez
primeira;
(...)
Tem pesado semblante, a cor é
baça
O corpo de estatura um tanto
esbelta
Feições compridas e olhadura
feia;
Tem grossas sobrancelhas, testa
curta,
Nariz direito e grande, fala
pouco
Em rouco, baixo som de mau
falsete;
Sem ser velho, já tem cabelo
ruço,
E cobre este defeito e fria calva
À força de polvilho, que lhe
deita.
Ainda me parece que o estou vendo
No gordo rocinante escarranchado!
As longas calças pelo umbigo
atadas,
Amarelo colete e sobre tudo
Vestida uma vermelha e justa
farda.
De cada bolso da fardeta pendem
Listadas pontas de dois brancos
lenços
(Cartas Chilenas)
14. O texto 7 é um poema de
Gregório de Matos, pertencente à estética barroca; já o texto 8 faz parte das
Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, essas produzidas no período
literário do Arcadismo brasileiro. Considerando os fragmentos citados, bem como
os aspectos estéticos e históricos dessas cartas, e do poema, analise as
afirmações abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
A) Gregório de Matos, por se
submeter aos padrões estéticos barrocos, afastou-se da tradição poética
satírica, que marcou o século XVI, já Tomás Antônio Gonzaga se aproximou da
sátira barroca por seguir a mesma linha de Gregório, que criticava apenas os
religiosos baianos do século XVI.
B) Gregório e Gonzaga revelam,
nesses textos de caráter religioso, um comportamento conflitante idêntico
àquele manifestado por Gil Vicente em seu Auto da Barca do Inferno, texto
dramático representante da lírica renascentista espanhola.
C) Teocêntrico convicto, Gregório
nega os valores antropocêntricos do Renascimento brasileiro, endossando os
princípios da Contra Reforma. Gonzaga, por sua vez, como fiel antropocêntrico,
critica o homem, tal como se vê nos versos do poema em questão.
D) A poesia lírico-amorosa, de
Gregório, compõe uma expressão literária multifacetada, reflexo dos contrastes
ideológicos que marcaram o século XVII. Já a poesia de Gonzaga utiliza-se de um
forte teor irônico-satírico para traçar o perfil de Cunha Meneses, governo de
Minas Gerais à época árcade.
E) Gregório de Matos foi o
divulgador, aqui no Brasil, da mais alta expressão da lírica trovadoresca ao
produzir não só cantigas satíricas como também cantigas de amor e de amigo, e
Gonzaga foi seu fiel seguidor nesse processo.
15. Analise as afirmativas a
seguir sobre os aspectos estéticos e históricos de autores e as obras
representantes da literatura modernista.
I. Uma das características da
lírica de Manuel Bandeira é a reflexão acerca da vida, que ocorre também quando
o autor trata de suas memórias de criança, o que se vê em alguns de seus
poemas, como: “Quando eu tinha seis anos/ Ganhei um porquinho-da-índia./ Que
dor de coração me dava/Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!”.
Além desse traço, Bandeira realiza discussão do próprio fazer poético, que se
pode ver em:“ Estou farto do lirismo comedido”.
II. Poeta modernista brasileiro,
que se valeu também das conquistas dos escritores da primeira fase, de profunda
densidade emocional em sua forma, Drummond utilizou-se ainda da ironia para
transitar entre as fases gauche, social e universal, registrando as dores do
homem, como se observa em: “Meu Deus, por que me abandonaste/se sabias que eu
não era Deus,/ se sabias que eu era fraco.”
III. A seca do Nordeste
brasileiro é tema recorrente nas obras de alguns escritores, como José Lins do
Rego, Rachel de Queirós, além de Graciliano Ramos, com seu Vidas Secas, e João
Cabral de Melo Neto, com seu auto natalino Morte e Vida Severina. Porém, desses
autores, apenas Cabral apresenta um desfecho otimista acerca do problema quando
conclui seu poema com o nascimento de uma criança.
IV. Guimarães Rosa construiu uma
obra de caráter essencialmente regionalista, com descrições verossimilhantes de
espaços e figuras da região de Minas Gerais, como se pode ver em seu Primeiras
Histórias, livro de crônicas, que também trata de uma das principais marcas do autor
– os neologismos – a exemplo de “Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não
entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável?
É de arrenegar? Farsância? Nome
de ofensa?”
V. Nelson Rodrigues foi autor de
crônicas, contos, folhetins, comentários esportivos e artigos opinativos e,
principalmente, escritor de peças teatrais, como “ Vestido de noiva”. Em sua
dramaturgia, explorou a vida cotidiana do subúrbio, incestos, crimes,
suicídios, personagens beirando a loucura, inflamadas de desejos e agindo apaixonadamente,
até matando, e diálogos rápidos, diretos, quase telegráficos, carregados de
tragédia e humor.
Estão CORRETAS, apenas,
A) I e II. B) II e III. C) II, III e IV. D) I, II, IV e V. E) I, II, III e V.
16. Os estudos literários sobre o
Romantismo são bem expressivos em todo o Ocidente.
No Brasil, autores, como Castro
Alves e José de Alencar, importantes representantes dessa escola, escreveram
obras as quais propõem reflexões acerca dos costumes e dos hábitos da sociedade
brasileira, que vivenciou e materializou as bases ideológicas fundamentadoras
de algumas das problemáticas românticas: subjetivismo, egocentrismo,
nacionalismo, liberdade de expressão. Considerando o que se disse, assinale a
alternativa CORRETA.
A) Os autores românticos
brasileiros foram influenciados pela leitura de autores clássicos os quais
defendiam ideias atreladas ao modo de governo pregado e defendido pelos
monarcas da época, mais precisamente pela chamada Monarquia Inglesa.
B) No Brasil, o Romantismo literário
expressa a vontade de continuidade política e social da juventude da
época, visto que essa juventude
entendia que mudança era motivo de risco e de perigo para que precisava avançar
nos aspectos individuais e coletivos.
C) De acordo com os estudos literários
brasileiros, o Romantismo é uma escola que possui fases distintas – tanto nos
versos como na ficção – e traduz, de maneira contundente, a condição humana no
que ela se diferencia das bases defendidas, tempos depois, pelos teóricos
positivistas.
D) O índio brasileiro está muito
bem retratado nos textos escritos pelos autores românticos brasileiros. Uma
breve análise, por exemplo, do romance Iracema, é possível que percebamos quão
José de Alencar foi fidedigno aos traços físicos e ao temperamento das etnias
dos povos indígenas brasileiros.
E) Castro Alves, por razões
históricas e sociais, por defender ideias tradicionalistas no campo da temática
escravidão, produziu “Navio Negreiro” e, nessa produção, conseguiu, em
consonância com as ideologias de José de Alencar, deixar claro o seu pensamento
antiabolicionista.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
01.A 02.B 03.E 04.B 05.D 06.B 07.D 08.C
09.D 10.C 11.E 12.A 13.D 14.D 15.E 16.C
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