MODERNISMO – 3ª FASE MODERNISTA
LEIA SOBRE O MODERNISMO E RESPONDA AS QUESTÕES
Questões de vestibulares
Textos para as questões 01 e
02
I - Olhou curtamente! Levou a mão ao cinturão?
Não. A gente, era que assim previa, a falsa noção do gesto. Só disse,
subitamente ouviu-se: ¾ “Moço, o senhor vá, se recolha. Sucede que o meu
saudoso irmão é que era um diabo de danado...”
Disse isso, baixo e mau-som.
Mas se virou para os presentes. Seus dois outros manos, também. A todos,
agradeciam. Se não é que não sorriam, apressurados. Sacudiam dos pés a lama,
limpavam as caras do respingado. Doricão, já fugaz, disse, completou: ¾ “A
gente, vamos embora, morar na cidade grande...” O enterro estava acabado. E
outra chuva começava.
II - Alvava.
Assim; mas era também o exato,
grande, o repentino amor ¾ o acima. Sinésio olhou mais sem fechar o rosto,
aplicou o coração, abriu bem os olhos. Sorriu para trás. Maria Exita.
Socorria-a a linda claridade. Ela ¾ ela! Ele veio para junto. Estendeu também
as mãos para o polvilho ¾ solar e estranho: o ato de quebrá-lo era gostoso,
parecia um brinquedo de menino. Todos o vissem, nisso, ninguém na dúvida. E seu
coração se levantou. ¾ “Você, Maria, quererá, a gente, nós dois, nunca precisar
se separar? Você, comigo, vem e vai? Disse, e viu. O polvilho, coisa sem fim.
Ela tinha respondido: ¾ “Vou demais.” Desatou um sorriso. Ele nem viu. Estavam
lado a lado, olhavam para a frente. Nem viam a sombra da Nhatiaga, que quieta e
calada, lá, no espaço do dia.
Sinésio e Maria Exita ¾ a
meios-olhos, perante o refulgir, o todo branco. Acontecia o não-fato, o
não-tempo, silêncio em sua imaginação. Só o um-e-outra, um em-si-juntos, o
viver em ponto sem parar, coraçãomente: pensamento, pensamor. Alvor. Avançavam,
parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros.
01. Com base na leitura de
Primeiras Estórias, de onde foram extraídos os fragmentos acima, indique alguns
recursos utilizados por Guimarães Rosa em sua pesquisa da palavra.
02. Identifique os contos de
Primeiras Estórias a partir dos textos acima.
03. Leia com atenção os
seguintes versos de João Cabral de Melo Neto em Morte e Vida Severina:
¾ E
belo porque o novo
todo o velho contagia.
Belo porque corrompe
com sangue novo a anemia.
Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.
Com oásis, o deserto.
Com ventos, a calmaria.
a) Contextualize esses versos
no poema de João Cabral de Melo Neto, indicando o evento a que se referem e a
relação desse evento com a fala final de Seu José ao retirante.
b) Que valor deu o poeta aos
verbos contagiar, corromper e infeccionar no contexto da estrofe acima?
Explique.
04. (FUVEST) É correto afirmar
que, em Morte e Vida Severina:
a) A alternância das falas de
ricos e de pobres, em contraste, imprime à dinâmica geral do poema o ritmo da
luta de classes.
b) A visão do mar aberto, quando Severino
finalmente chega ao Recife, representa para o retirante a primeira afirmação da
vida contra a morte.
c) O caráter de afirmação da
vida, apesar de toda a miséria, comprova-se pela ausência da ideia de suicídio.
d) As falas finais do
retirante, após o nascimento de seu filho, configuram o “momento afirmativo”,
por excelência, do poema.
e) A viagem do retirante, que
atravessa ambientes menos e mais hostis, mostra-lhe que a miséria é a mesma,
apesar dessas variações do meio físico.
05. (PUC) Além do
coloquialismo, comum ao diálogo, a linguagem de Quim e de Nhô Augusto
caracteriza também os habitantes da região onde transcorre a história,
conferindo-lhe veracidade.
Suponha que a situação do
Recadeiro seja outra: ele vive na cidade e é um homem letrado.
Aponte a alternativa
caracterizadora da modalidade de língua que seria utilizada pela personagem nas
condições acima propostas:
a) Levanta e veste a roupa,
meu patrão senhor Augusto, que eu tenho um novidade meia ruim, para lhe contar.
b) Levante e veste a roupa,
meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
c) Levante e vista a roupa,
meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe
contar.
d) Levante e vista a roupa,
meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe
contar.
e) Levanta e veste a roupa,
meu patrão Senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe
contar.
06. (FUVEST) A respeito de
Clarice Lispector, nos contos de Laços de Família, seria correto afirmar que:
a) Para frequentemente de
acontecimentos surpreendentes para banalizá-los.
b) Elabora o cotidiano em
busca de seu significado oculto.
c) É altamente intimista,
vasculhando o âmago das personagens com rara argúcia.
d) É regionalista hermética.
e) Opera na área da memória,
da autoanálise e do devaneio.
07. (PUCCAMP) São as seguintes
as características básicas da poesia concreta:
a) A unidade poética deixa de
ser a palavra e passa a ser o verso; busca-se adequação da forma poética às características
do mundo moderno.
b) A palavra é explorada
quanto aos aspectos semânticos, sintático, sonoro e gráfico (visual); o espaço
“papel” passa a integrar o significado do poema.
c) Cada palavra refere-se ás
palavras circunvizinhas verbal, vocal ou visualmente; respeita-se a
distribuição linear da
linguagem verbal.
d) Evita-se o imediatismo da
comunicação visual; utilizam-se cores, tipos diferentes de letras, recursos de
outras artes e linguagens.
e) O poema é uma aventura de
palavras no espaço; defende-se uma poesia a serviço da manifestação da pura
subjetividade.
08. (FUVEST) "Será que eu
enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos?
Mas aí que está: esta história
não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não
mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca
como a da datilógrafa." (Clarice
Lispector, A Hora da Estrela)
Em A Hora da Estrela, o
narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a história.
De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador:
a) Iniciante, que não domina
as técnicas necessárias ao relato literário.
b) Pós-moderno, para quem as
preocupações de estilo são ultrapassadas.
c) Impessoal, que aspira a um
grau de objetividade máxima no relato.
d) Objetividade, que se
preocupa apenas com a precisão técnica do relato.
e) Autocrítico que percebe a
inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular.
09. (FUVEST) É correto afirmar
que no poema dramático Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto:
a) A sucessão de frustrações
vividas por Severino faz dele um exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade
se expressa na rejeição à cultura a que pertence.
b) A cena inicial e a final
dialogam de modo a indicar que, no retorno à terra de origem, o retirante
estará munido das convicções religiosas que adquiriu com o mestre carpina.
c) O destino que as ciganas
preveem para o recém-nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo de sua
vida, marcada pela seca, pela falta de trabalho e pela retirada.
d) O poeta buscou exprimir um
aspecto da vida nordestina no estilo dos autos medievais, valendo-se da
retórica e da moralidade religiosa que os caracterizam.
e) O “auto de natal” acaba por
definir-se não exatamente num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento da
força afirmativa e renovadora que está na própria natureza.
10. (PUCCAMP) A leitura
integral de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, permite a
correta compreensão do título desse “auto de natal pernambucano”:
a) Tal como nos Evangelhos, o
nascimento do filho de Seu José anuncia um novo tempo, no qual a experiência do
sacrifício representa a graça da vida eterna para tantos “severinos”.
b) Invertendo a ordem dos dois
fatos capitais da vida humana, mostra-nos o poeta que, na condição “severina”,
a morte é a única e verdadeira libertação.
c) O poeta dramatiza a
trajetória de Severino, usando o seu nome como adjetivo para qualificar a sublimação
religiosa que consola os migrantes nordestinos.
d) Severino, em sua migração,
penitencia-se de suas faltas, e encontra o sentido da vida na confissão final
que faz a Seu José, mestre capina.
e) O poema narra as muitas
experiências da morte, testemunhadas pelo migrantes, mas culmina com a cena de
um nascimento, signo resistente da vida nas mais ingratas condições.
Resolução:
01. Guimarães Rosa era um grande pesquisador da língua e são
seus recursos a aglutinação e repetição de palavras, o emprego de aliterações,
assonâncias, silepses, anacolutos, inversões de frases feitas, provérbios
sertanejos, a prosa rimada, o vocabulário coloquial e o aportuguesamento de
palavras estrangeiras.
02.
I) “Os Irmãos Dagobé”
II) “Substância”
03.
a) Os
versos transcritos ocorrem no episódio propriamente “natalino” da peça de João
Cabral: o nascimento da criança. Este episódio funciona, no contexto da obra,
como defesa da vida, ainda que se trate de uma defesa fraca e hesitante (apenas
mais uma “vida severina”). Por isso, o mestre Carpina toma o evento como
argumento contra o pretendido suicídio do retirante.
b) Os verbos em
questão têm, no contexto, o seu sentido alterado, invertido: em vez das ações
deletérias (destrutivas) que habitualmente indicam, eles ganham sentido
positivo, pois operam em favor do “novo” (a nova vida, a esperança de redenção
social).
04. E 05. D 06. C 07. B 08. E
09. E 10. E
Nenhum comentário:
Postar um comentário