sábado, 7 de dezembro de 2013

AULA DE METODOLOGIA CIENTÍFICA































Material de apoio


A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NA ESCOLA

Os alunos, em sua maioria, não buscam respostas para seus questionamentos acerca de diversos assuntos, quando estão resolvendo exercícios que necessitam de uma pesquisa dentro do texto ficam desanimados e muitas vezes desistem.

A pesquisa pode ser um grande instrumento na construção do conhecimento do aluno, por isso se faz necessário, sempre que possível, que o professor mande algum tema para pesquisa relacionado com o conteúdo, a fim de contribuir na construção da aprendizagem.

Por meio da pesquisa o aluno tem possibilidade de descobrir um mundo diferente, coisas novas, curiosidades. Dessa forma, o professor tem a incumbência de gerenciar e orientar os seus alunos na busca de informações, sua função é disponibilizar referências bibliográficas, oferecendo melhores condições de desenvolvimento da pesquisa. Além de atuar na orientação da construção de textos a partir do material da pesquisa, o professor deve ensinar como retirar as partes mais importantes do conteúdo pesquisado. Outro ponto de grande relevância que o educador deve abordar é a conscientização de que uma pesquisa não é uma mera cópia e sim uma síntese de um conjunto de informações.

A etapa técnico-científica informacional que a humanidade está atravessando e a ascensão dos meios de comunicação tem facilitado o acesso às informações, desse modo, podem ser usados como base de pesquisas: livros, revistas, artigos científicos, enciclopédias, documentários, entrevistas, internet entre outras.

A pesquisa na escola não deve ter apenas o objetivo de ocupar o aluno, de modo que o mesmo não fique sem fazer nada em casa, sua finalidade vai além, formar pessoas curiosas acerca do que se passa no mundo, assim, por meio dessa busca, o conhecimento será construído pelo próprio educando.
Por Eduardo de Freitas - Graduado em Geografia - Equipe Brasil Escola


Um certo olhar sobre a pesquisa
( Gérard-B. Martin Aufil des événement, 6 de dezembro de 1994 (Jornal da Universidade Laval)1

Que alegria, diz a Eternidade,
Ver o filho de minha esperança
Apaixonar-se pela pesquisa,
Pois em sua mente
Coloquei inúmeros de meus sonhos
E gostaria tanto que se tornassem realidade.
A pesquisa,
Começou a explicar a Eternidade,
É, antes de qualquer coisa, o gesto do jovem camponês
Que se vai,
Resolvendo a pedra dos campos,
Descobrindo lesmas e gafanhotos,
Ou milhares de formigas atarefadas.
A pesquisa,
É a caminhada pelos bosques e pântanos
Para tentar explicar,
Vendo folhas e flores,
Por que a vida apresenta tantos rostos.
A pesquisa,
É a fusão, em um só crisol,
De observações, teorias e hipóteses
Para ver se cristalizar
Algumas parcelas de verdade.
A pesquisa,
É, ao mesmo tempo, trabalho e reflexão
Para que os homens
Achem todos um pouco de pão
E mais liberdade.
Também é o olhar para o passado
Para encontrar nos antigos
Alguns grãos de sabedoria
Capazes de germinar
No coração dos homens de amanhã.
A pesquisa
É o tatear em um labirinto,
E aquele que não conheceu a embriaguez de procurar seu rumo
Não sabe reconhecer o verdadeiro caminho.
A pesquisa
É a surpresa, a cada descoberta,
De se ver recuar as fronteiras do desconhecido;
Como a natureza, cheia de mistérios,
Procurasse fugir de seu descobridor.
A pesquisa,
Diz finalmente a Eternidade,
É o trabalho do jardineiro
Que quer se tornar,
No jardim de minha criação,
O parceiro de minhas esperanças.
1 Citado em LAVILLE, Christian. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Arte Médicas; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. pp. 278/279

RESENHA

Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem.

O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade (um jogo de futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça de teatro, um filme).

A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são infinitas as propriedades e as circunstâncias que envolvem o objeto descrito. o resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma intenção previamente definida.

Imaginemos duas resenhas distintas sobre um mesmo objeto, o treinamento dos atletas para uma copa mundial de futebol: uma resenha destina-se aos leitores de uma coluna esportiva de um jornal; outra, ao departamento médico que integra a comissão de treinamento. O jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo atleta marcou, durante o treino, um gol olímpico, fez duas coloridas jogadas de calcanhar, encantou a plateia presente e deu vários autógrafos. Esses dados, na resenha destinada ao departamento médico, são simplesmente desprezíveis.

Com efeito, a importância do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta.

Numa resenha de livros para o grande público leitor de jornal, não tem o menor sentido descrever com pormenores os custos de cada etapa de produção do livro, o percentual de direito autoral que caberá ao escritor e coisas desse tipo.

A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.

A resenha descritiva consta de:

a) uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto:
- nome do autor (ou dos autores);
- título completo e exato da obra (ou do artigo);
- nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte a obra;
- lugar e data da publicação;
- número de volumes e páginas.

Pode-se fazer, nessa parte, uma descrição sumária da estrutura da obra (divisão em capítulos, assunto dos capítulos, índices, etc.). No caso de uma obra estrangeira, é útil informar também a língua da versão original e o nome do tradutor (se se tratar de traduçã0).

b) uma parte com o resumo do conteúdo da obra:
- indicação sucinta do assunto global da obra (assunto tratado) e do ponto de vista adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom, etc.);
- resumo que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Na resenha crítica, além dos elementos já mencionados, entram também comentários e julgamentos do resenhador sobre as ideias do autor, o valor da obra, etc. Ela consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor da obra feitos pelo resenhista.

A finalidade de uma resenha crítica é informar o leitor, de maneira clara e objetiva, sobre o assunto tratado na obra, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. Em geral, ela é apresentada por um especialista, que além do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico.

Os requisitos básicos para elaboração de uma resenha crítica são: 
1) conhecimento completo da obra; 
2) competência na matéria; 
3) capacidade de juízo de valor; 
4) independência de juízo, e 
5) fidelidade ao pensamento do autor.

No campo da comunicação técnica e científica, a resenha é de grande utilidade, porque facilita o trabalho do profissional ao trazer um breve comentário sobre a obra e uma avaliação da mesma. A informação dada ajuda na decisão da leitura ou não da obra.

Sua estrutura apresenta, normalmente, os seguintes elementos: 
1) referência bibliográfica; 
2) credenciais do(a) autor(a); 
3) resumo; 
4) conclusões da autoria; 
5) quadro de referências do autor; 
6) apreciação, que inclui fatores como julgamento da obra, mérito da obra, estilo, forma e indicação da obra.




RESUMO

1. Conceito, finalidade e caráter

O resumo é a apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto, destacando-se os elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais ideias do autor da obra.

A finalidade do resumo consiste na difusão das informações contidas em livros, artigos, teses etc., permitindo a quem o ler resolver sobre a conveniência ou não de consultar o texto completo. O caráter de um resumo depende de seus objetivos: apresentar um sumário narrativo das partes mais significativas, não dispensando a leitura do texto; condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo as finalidades e metodologia quanto os resultados obtidos e as conclusões da autoria, permitindo a utilização em trabalhos científicos e dispensando, portanto, a leitura posterior do texto original; análise interpretativa de um documento, criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto.

O resumo abrevia o tempo dos pesquisadores; difunde informações de tal modo que pode influenciar e estimular a consulta do texto completo. 

Em sua elaboração, devem-se destacar quanto ao conteúdo:
- o assunto do texto;
- o objetivo do texto;
- a articulação das ideias;
- as conclusões do autor do texto objeto do resumo.

Formalmente, o redator do resumo deve atentar para alguns procedimentos:
- ser redigido em linguagem objetiva, concisa, evitando-se a mera enumeração de tópicos;
- evitar a repetição de frases inteiras do original;
- respeitar a ordem em que as ideias ou fatos são apresentados;
- preferencialmente, serão escritos os resumos em 3ª pessoa do singular e com verbos na voz ativa.

Finalmente, o resumo:
- não deve apresentar juízo valorativo ou crítico (que pertencem a outro tipo de texto, a resenha);
- deve ser compreensível por si mesmo, isto é, dispensar a consulta ao original.

2. Como resumir

Os procedimentos para realizar um resumo incluem, em primeiro lugar, descobrir o plano da obra a ser resumida. Em segundo lugar, a pessoa que o está realizando deve responder, no resumo, a duas perguntas: o que o autor pretende demonstrar? De que trata o texto? Em terceiro lugar, deve-se ater às idéias principais do texto e a sua articulação. Muito importante nesta fase é distinguir as diferentes partes do texto. A fase seguinte é a da identificação de palavras-chave. Finalmente, passa-se à elaboração do resumo.

3. Tipos de resumo

A ABNT classifica os resumos em indicativo, informativo, crítico ou recensão.

a) Resumo indicativo ou descritivo: caracterizado como um sumário narrativo, nesse tipo de resumo descrevem-se os principais tópicos do texto original, e indicam-se sucintamente seus conteúdos. Portanto, não dispensa a leitura do texto original para a compreensão do assunto. Quanto à extensão, não deve ultrapassar quinze ouvinte linhas; utilizam-se frases curtas que, geralmente, correspondem a cada elemento fundamental do texto; porém, o resumo descritivo não deve limitar-se à enumeração pura e simples das partes do trabalho.

b) Resumo informativo ou analítico: é o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo-se gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as ideias principais. Na são permitidas as opiniões pessoais do autor do resumo. O resumo informativo, que é o mais solicitado nos cursos de graduação,, deve dispensar a leitura do texto original para o conhecimento do assunto.

c) Resumo crítico ou recensão: consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão, mantendo as ideias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor do resumo. Tal como o resumo informativo, dispensa a leitura do original para a compreensão do assunto.

A resenha é um tipo de resumo crítico; contudo, mais abrangente. Além de reduzir o texto, permite opiniões e comentários, inclui julgamentos de valor, tais como comparações com outras obras da mesma área do conhecimento, a relevância da obra em relação às outras do mesmo gênero etc. Será objeto de estudo em outro momento.
           
4. A técnica do resumo quanto à extensão do texto:

a) de parágrafos e capítulos

A técnica de resumir difere, no modo de redigir, quando se trata de um texto curto ou de uma obra inteira. Por texto curto compreende-se o que consta de um parágrafo a um capítulo, embora esta não seja uma classificação rígida.

Parágrafos e capítulos podem ser resumidos aplicando-se a técnica de sublinhar e redigindo-se o resumo pela organização de frases, baseadas nas palavras sublinhadas. Este sistema não constitui regra absoluta, mas tem a vantagem de manter a ordem das idéias e fatos e propiciar a indispensável fidelidade ao texto.

Usar vocabulário próprio ou do autor não é questão relevante, desde que o resumo apresente as principais ideias do texto, de forma condensada.

Um texto mais complexo resume-se com mais facilidade se preliminarmente for elaborado um esquema com as palavras sublinhadas.

Não se admitem acréscimos ou comentários ao texto, mas as opiniões e pontos de vista do autor (do original) devem ser respeitados.

Nos textos bem estruturados, cada parágrafo corresponde a uma só ideia principal. Todavia, alguns autores são repetitivos e usam palavras diferentes, que contêm as mesmas idéias, em mais de um parágrafo, por questões didáticas ou de estilo. Neste caso, os parágrafos reiterativos devem ser reduzidos a um apenas.

b) redação de resumos de livros

O resumo de textos mais longos ou de livros inteiros, evidentemente, não poderá ser feito parágrafo por parágrafo, ou mesmo capítulo por capítulo, a partir do que foi sublinhado.

Neste caso, devem-se adotar os seguintes procedimentos:

- leitura integral do texto, para conhecimento do assunto;
- aplicar a técnica de sublinhar, para ressaltar as idéias importantes e os detalhes relevantes, em cada capítulo;
- reestruturar o plano de redação do autor, valendo-se, para isto, do índice ou sumário, isto é, identificar, pelo sumário, as principais PARTES do livro; em cada parte, os CAPÍTULOS, os títulos e subtítulos. De posse desses elementos, elaborar um plano ou esquema de redação do resumo;
- tomar por base o esquema ou plano de redação, para fazer um rascunho, resumindo por capítulos ou por partes;
- concluído o rascunho, fazer uma leitura, para verificar se há possibilidade de resumir mais, ou se não houve omissão de algum elemento importante. Refazer a redação, com as alterações necessárias, e transcrever em fichas, segundo as normas de fichamentos.

A norma da ABNT recomenda que o resumo tenha até 100 palavras se for de notas e comunicações breves. Se se tratar de resumo de monografias e artigos, sua extensão será de até 250 palavras. Resumo de relatórios e teses podem ter até 500 palavras.
É indispensável considerar o resumo como uma recriação do texto, uma nova elaboração, isto é, uma nova forma de redação que utiliza as ideias do original.

Segundo Andrade (1992, p. 53), o resumo bem elaborado deve obedecer aos seguintes itens:  

1. apresentar, de maneira sucinta, o assunto da obra;
2. não apresentar juízos críticos ou comentários pessoais;
3. respeitar a ordem das ideias e fatos apresentados;
4. empregar linguagem clara e objetiva;
5. evitar a transcrição de frases do original;
6. apontar as conclusões do autor;
7. dispensar a consulta ao original para a compreensão do assunto.


Resenha Crítica: PESQUISA NA ESCOLA: O QUE É, COMO SE FAZ
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 23. ed. São Paulo: Loyola, 2009.

O ato de pesquisar consiste na busca do conhecimento a partir de fontes diversificadas, analisadas sob diferentes aspectos, tanto para aprender, quanto para ampliar o conhecimento. Diante disto, a pesquisa envolve procurar, diligentemente, respostas a questionamentos, corroborando, desta forma, para a elaboração do conhecimento.

A obra Pesquisa na escola: o que é, como se faz tem sua gênese na indignação de Marcos Bagno  diante da forma superficial em que as pesquisas escolares na maioria das vezes são encaminhadas. A partir de uma abordagem reflexiva, o autor apresenta sugestões no intuito de transformar a prática da pesquisa em sala de aula numa verdadeira fonte de aquisição de conhecimento.

Para sintetizar a ideia-chave que orienta a reflexão aqui estabelecida, tomaremos por empréstimo as palavras do autor:

"(...) a pesquisa é, mesmo, uma coisa muito séria. Não podemos tratá-la com indiferença, menosprezo ou pouco caso na escola. Se quisermos que nossos alunos tenham algum sucesso na sua atividade futura – seja ela do tipo que for: científica, artística, comercial, industrial, técnica, religiosa, intelectual... – é fundamental e indispensável que aprendam a pesquisar. E só aprenderão a pesquisar se os professores souberem ensinar (BAGNO, 2009, p. 21)".
Segundo as premissas de Bagno, no âmbito educacional, a pesquisa tem como especificidade produzir um conhecimento novo a respeito de um determinado assunto, relacionando os dados obtidos ao conhecimento prévio do aluno. Para que isso ocorra dois fatores são essenciais na obtenção do êxito neste processo: o aluno deve ser o sujeito de sua educação ao passo que, cabe ao professor atuar como mediador do percurso. O educador deve respeitar os saberes que os alunos adquiriram em sua história de vida, estimulando-os a sua superação por meio do despertar da curiosidade que os instiga à imaginação, à observação, a questionamentos, alcançando uma explicação epistemológica. 

Neste momento, para melhor ilustrar o que foi dito, cabe mencionar as palavras de Freire:

"Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 2004, p. 29)".

A escola tem a missão não de “transmitir conteúdos”, mas, de ensinar a aprender, criando possibilidades, indicando caminhos e, principalmente, orientando o aluno para que este desenvolva um olhar crítico e construa sua autonomia. A aprendizagem adequada amplia-se dentro do processo de pesquisa do professor, no qual ambos – professor e aluno – aprendem, pensam e aprendem a aprender.

Muito pensam, equivocadamente, que a pesquisa deve iniciar-se na fase acadêmica e apenas nesta fase a maioria dos estudantes é levada a produzir textos de usa autoria. Entretanto, essa prática deveria fazer parte do cotidiano escolar do aluno desde a Educação Básica, pois pode tornar-se uma grande aliada do professor no processo de ensino e aprendizagem. Junto às discussões diárias constitui-se num forte instrumento auxiliar para desenvolver a reflexão, o espírito argumentativo e a capacidade argumentativa do aluno.

Em sua obra, Marcos Bagno confere realce ao fato que a pesquisa, quando bem utilizada e encaminhada com vigor, valoriza o questionamento, estimula a curiosidade, alimenta a dúvida, supera paradigmas. Além disso, torna a aula mais atrativa, amplia os horizontes do conhecimento do aluno, desperta a consciência crítica que leva o indivíduo à superação e transformação da realidade.

Com nuances de criticidade, Bagno afirma que no Ensino Fundamental, onde se inicia a escolarização, pouca ênfase ou orientação são disponibilizadas aos educandos quanto ao direcionamento da pesquisa escolar. Para o autor, um dos fatores determinantes dessa concepção decorre da precária formação dos professores em suas graduações e a falta de trabalhar com o tema na formação continuada dos mesmos são indícios da desqualificação da pesquisa no Ensino Fundamental.

Outro fator preponderante que foi destacado na obra do autor supracitado é a necessidade de reflexão crítica sobre a prática educativa para evitar a reprodução alienada, promovendo possibilidades para o aluno produzir ou construir conhecimentos, pois “(...) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 2004, p. 47). Mister se faz assinalar que o trabalho de pesquisa terá seu valor anulado se representar uma simples cópia, pois sua relevância dá-se a partir do momento em que se constitui em uma fonte para a reconstrução do conhecimento. Por conseguinte, o educando será capaz de fomentar sua capacidade de argumentação, criticidade e avaliação das diversas situações do conhecimento.

Ainda seguindo a linha do pensamento de Bagno, constata-se que o resultado da pesquisa deve ser o produto da interpretação do aluno diante das diferentes fontes obtidas para a pesquisa. É perceptível a necessidade de preparar os alunos para irem além – além do que falam os livros, além das possibilidades que lhes são oferecidas. Portanto, o professor deve preparar seus alunos para uma constante busca do conhecimento.

Os sujeitos da ação – professor e aluno – devem participar simultaneamente de todo o processo escolar, onde ambos juntos ensinam e também aprendem. É essencial que tanto o aluno quanto o professor se utilizem do ato da pesquisa como prática cotidiana, mas para a obtenção resultado é indispensável que as técnicas de pesquisa sejam discutidas e preparadas para que o processo seja consciente.

A pesquisa configura-se em instrumento basilar para a educação escolar, pois ao adquirir conhecimentos, o aluno capacita-se para intervir de forma competente, crítica e inovadora, na sociedade em que está inserido. Salienta-se que é preciso superar o uso exclusivo do método expositivo de dar aulas, ainda utilizados por muitos professores, em que estes se limitam à função principal de transmitir conhecimentos já elaborados, o que define como cópia, prejudicando o aluno, pois o transforma em mero objeto de ensino e instrução.

Bagno enfatiza que este espaço da sala de aula precisa ser repensado, transformado e o professor deve passar a se interessar pela aprendizagem de cada aluno, criando um relacionamento tranquilo e participativo. Neste contexto, é fundamental desenvolver o espírito de trabalho em equipe visando evitar competições individuais, considerando-se que a construção da cidadania depende de uma organização solidária.

Tendo em vista os argumentos apresentados neste trabalho, pode-se apreender a importância de a pesquisa ser trabalhada desde o Ensino Fundamental, pois “afinal, existem coisas que quando não são aprendidas desde cedo, deixam sempre ‘buracos’ na formação de um indivíduo” (BAGNO, 2009, p. 16). É essencial para a trajetória do estudante que a pesquisa seja estimulada e acompanhado desde as séries inicias, pois se trata da tradução exata do saber pensar e do aprender a aprender. Ao aluno, cria autonomia; ao professor, possibilita estar em constante atualização, conduzindo-o à reavaliação de sua prática, e se preciso for, reinventar seu caminho.

A obra analisada esclarece muitas dúvidas que certamente acompanham não apenas os professores, mas sobretudo os estudantes do Curso de Letras, auxiliando-os na compreensão sistemática acerca do tema abordado. Nessa perspectiva, estudos renovadores como os acometidos no livro de Marcos Bagno, tornam-se essenciais no progresso e na reformulação de muitos conceitos relacionados à pesquisa escolar, além de garantir conteúdos relevantes para a compreensão dos processos que permeiam a atividade de pesquisadora.
Referência:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.