sábado, 26 de abril de 2014

Texto para leitura: Tráfico humano

                                                              Tráfico humano
             O tráfico humano remonta desde a história da colonização do Brasil com o chamado tráfico negreiro onde os portugueses passaram a usar os negros como escravos. Ao longo dos tempos, transformações foram ocorrendo e a prática deste tipo de tráfico foi atingindo dimensões maiores envolvendo pessoas de todos os níveis, independentes de cor, raça ou condição social.
             A geração tem se tornado cada vez mais vulnerável aos traficantes que tentam tirar proveito da situação enganando pessoas inocentes, mas que esperam um dia terem melhores condições de vida e é a partir daí que começa o dilema do tráfico. Vítimas de uma sociedade capitalista/consumista, estas pessoas lutam e acreditam em determinados momentos, que a chance chegou e não deve ser desperdiçada. Porém, o que não sabem é que falsos empresários ou pessoas sem boa índole vivem no mundo a explorar sentimentos alheios com crueldade e sem nenhum pudor destruindo valores na sociedade.
             Fortunas são oferecidas as mulheres em troca de um trabalho digno que na verdade, ao deparar-se com a realidade, são forçadas a vender o corpo sobre tortura ou até mesmo ameaça de morte. Crianças são sequestradas para serem vendidas ao exterior ou ao próprio Brasil, outras, assim como também adultos, são mortas para terem seus órgãos traficados no mercado da marginalização que prolifera como dominador e líder em corrupção.   
             Assim, a humanidade tem sido vítima nas mãos dos que comercializam com o tráfico e que para eles essa ilegalidade rende-lhes o que chamam de lucro. No entanto, as vítimas lesadas passam por uma série de consequências graves, ao ponto de se tornarem incapazes de continuar vivendo dignamente, quando sobrevivem, uma vez que, tendo seus princípios abalados pela brutalidade, podem até não mais voltarem às condições normais de uma vida tranquila devido às marcas de traumas instaladas no corpo e na mente.
             Mas não podemos esquecer também que se por um lado o tráfico humano é organizado por pessoas inescrupulosas, por outro também há pais que num gesto desumano negociam os próprios filhos em troca de dinheiro. Estes, juntos aos demais, poderiam ser punidos na forma da lei e assim pagarem pelas atrocidades cometidas.
              Esta forma estarrecedora de usar o ser humano como um objeto de mercado tem causado sofrimentos aos que são enganados ou sequestrados, assim como também aos familiares que muitas vezes perdem seus entes queridos para o mundo da criminalidade. Diante desta situação, procurando-se uma maneira de amenizar este ato selvagem que se acentua cada vez mais no Brasil, cabe a nação mobilizar-se em prol da cidadania e exigir das autoridades que façam valer de verdade os direitos humanos.


SILVA, Manoel Joaquim da.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Redação: Enem e Vestibulares


                                         







Escola de Referência em Ensino Médio de Timbaúba

Redação










Enem e Vestibulares
3º Ano / 2014
Professor: Manoel Joaquim da Silva
Aluno(a): _______________________ Turma:____


















                                                                                                                                                                                                                    (1)


O TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO


É uma modalidade de texto em que se defende um ponto de vista. Nele a argumentação é importante, uma vez que apresenta fundamentos para sustentar a tese. Quando o produzimos, devemos observar certas normas de organização bastante particulares. Em geral, para se obter maior clareza na exposição do ponto de vista, organiza-se em três partes:


•Introdução: apresenta-se a ideia ou o ponto de vista que será defendido;

•Desenvolvimento ou argumentação: desenvolve-se o ponto de vista (para convencer o leitor, é preciso usar uma sólida argumentação, citar exemplos, recorrer a opiniões de especialistas, fornecer dados, etc.);

•Conclusão: dá-se um fecho coerente com o desenvolvimento, com os argumentos apresentados.

Por suas características, o texto argumentativo requer uma linguagem mais sóbria, denotativa. O uso da figura de linguagem deve ser com valor argumentativo. As orações devem se dispor, de preferência, em ordem direta. É preferível o uso da terceira pessoa, caracterizando o texto argumentativo objetivo. O texto argumentativo não apresenta uma progressão temporal; os conceitos são genéricos, abstratos e, em geral não se prendem a uma situação de tempo e espaço. Por isso os verbos no presente. Trabalha-se com períodos compostos, com o encadeamento de ideias; nesse tipo de construção, o adequado emprego dos conectores (preposições, conjunções e pronomes relativos) é fundamental para obter um texto claro, coerente, coeso e elegante.

EXEMPLO DE DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA

Meio-ambiente e tecnologia: não há contraste, há solução

Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambiental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobrevivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quando analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.

O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsáveis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, problemas ambientais que afetam a população.

Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente nós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemática.

O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os transtornos causados a Terra é plenamente possível e real. A era tecnológica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se transformar na salvação do mundo.

Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral precisam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a “ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.

Fonte: Revista Cult, ano 12, out. 2012

Nesse modelo, didaticamente, podemos perceber a estrutura textual dissertativa assim organizada:                                                                                                                                                                                                                                       (2)

1º parágrafo: Introdução com apresentação da tese a ser defendida;

“Uma das maiores preocupações do século XXI é a preservação ambiental, fator que envolve o futuro do planeta e, consequentemente, a sobrevivência humana. Contraditoriamente, esses problemas da natureza, quando analisados, são equivocadamente colocados em oposição à tecnologia.”

2º parágrafo: Há o desenvolvimento da tese com fundamentos argumentativos;

“O paradoxo acontece porque, de certa forma, o avanço tem um preço a se pagar. As indústrias, por exemplo, que são costumeiramente ligadas ao progresso, emitem quantidades exorbitantes de CO2 (carbono), responsáveis pelo prejuízo causado à Camada de Ozônio e, por conseguinte, problemas ambientais que afetam a população.

Mas, se a tecnologia significa conhecimento, nesse caso, não vemos contrastes com o meio-ambiente. Estamos numa época em que preservar os ecossistemas do planeta é mais do que avanço, é uma questão de continuidade das espécies animais e vegetais, incluindo-se principalmente nós, humanos. As pesquisas acontecem a todo o momento e, dessa forma, podemos considerá-las parceiras na busca por soluções a essa problemática.”

3º parágrafo: A conclusão é desenvolvida com uma proposta de intervenção relacionada à tese.

“O desenvolvimento de projetos científicos que visem a amenizar os transtornos causados à Terra é plenamente possível e real. A era tecnológica precisa atuar a serviço do bem-estar, da qualidade de vida, muito mais do que em favor de um conforto momentâneo. Nessas circunstâncias não existe contraste algum, pelo contrário, há uma relação direta que poderá se transformar na salvação do mundo.

Portanto, as universidades e instituições de pesquisas em geral precisam agir rapidamente na elaboração de pacotes científicos com vistas a combater os resultados caóticos da falta de conscientização humana. Nada melhor do que a ciência para direcionar formas práticas de amenizarmos a “ferida” que tomou conta do nosso Planeta Azul.”


DETALHANDO OUTRO EXEMPLO

O texto dissertativo-argumentativo - dicas para fazer uma boa redação

Primeiro passo: entender bem o tema do texto

Exemplo: TEMA: “O adolescente, hoje, precisa de limites?”

•Retirar uma expressão central: “limite para os adolescentes”. Ou simplesmente, retirar a expressão “limites”.

Segundo passo: a introdução do texto

• Começar a escrever o texto dissertativo-argumentativo definindo a expressão central retirada do tema. (entenda como uma das muitas formas de se começar um texto)

Exemplo: Definindo a expressão “limite para os adolescentes”: O que é, ou o que significa dar limites aos adolescentes?


Elaborar um pequeno texto (pode ser uma frase ou mais de uma) respondendo a essa questão:

.......A sociedade constitui-se de pessoas que se transformam ao longo do tempo, mudam a forma de pensar e agir. Isso faz com que uma geração de adolescentes não seja, necessariamente, igual a uma anterior, assim como são diferentes as regras e os valores sociais de cada geração. No entanto, independente da época, sempre existirão regras e valores que moldarão o pensamento, o comportamento, as atitudes dos jovens na sociedade – são os chamados limites, que podem se apresentar de maneiras diversas, com maior ou menor rigor.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  (3)


• Depois de definir a expressão central retirada do tema, é hora de esclarecer o objetivo do texto.

•É possível, nessa hora, responder perguntas como: o que eu pretendo argumentar? Qual é o meu objetivo ao escrever esse texto?

•É muito importante centrar-se no tema proposto na hora de estabelecer um objetivo.

Exemplo: Como o tema, nesse caso, é “O adolescente, hoje, precisa de limites?", então, o objetivo será, exatamente, responder a essa questão. Assim, eu posso fechar minha introdução com uma pergunta (lembrando-me, sempre, de não copiar o tema proposto) ou posso colocar a questão do tema sem ser em forma de pergunta propriamente.

.......A sociedade constitui-se de pessoas que se transformam ao longo do tempo, mudam a forma de pensar e agir. Isso faz com que uma geração de adolescentes não seja, necessariamente, igual a uma anterior, assim como são diferentes as regras e os valores sociais de cada geração. No entanto, independente da época, sempre existirão regras e valores que moldarão o pensamento, o comportamento, as atitudes dos jovens na sociedade – são os chamados limites, que podem se apresentar de maneiras diversas, com maior ou menor rigor. Hoje, questiona-se se esses limites devem ser impostos aos adolescentes ou se estes devem ser mais livres para estabelecerem seus próprios limites.

Terceiro passo: o desenvolvimento do texto

•Para começar a desenvolver o texto, é interessante fazer um esquema sobre o que quero argumentar.

•Colocar em tópicos, em um rascunho, os pontos principais de cada argumento, lembrando, sempre, do objetivo do texto, para não deixar a redação “caminhar” para um rumo muito além do esperado.

Exemplo: O objetivo é saber se os adolescentes precisam ou não de limites. Pode-se argumentar de várias formas. Observe 4 opções:

OPÇÃO 1: Defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites e apresentar justificativas para isso: 

Esquema:

- Os adolescentes precisam de limites porque, nessa fase da vida, ainda estão se moldando valores que os farão indivíduos íntegros, com caráter.

- Os adolescentes precisam de limites porque, nessa fase da vida, eles ainda não têm total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado, segundo um modelo de vida sadio e com respeito à moral.

OPÇÃO 2: Defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites, justificar essa opinião e apresentar exemplo(s) que comprove(m) isso:

Esquema:

- Os adolescentes precisam de limites porque, nessa fase da vida, ainda estão se moldando valores que os farão indivíduos íntegros, com caráter, e também os adolescentes não têm total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado segundo um modelo de vida sadio e com respeito à moral.

- Sobre os exemplos: posso apresentar valores que se aprendem na adolescência e são levados para a vida inteira, sendo tais valores passados através dos limites impostos. Apresentar exemplo(s), também, de atitudes de jovens que mostram a falta de discernimento para distinguir certo e errado.

OPÇÃO 3: Defender a ideia de que os adolescentes NÃO precisam de limites e apresentar justificativas para isso:

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  (4)

Esquema:

- Os adolescentes não precisam de limites, mas de carinho dos pais, que, em muitos casos, mostram-se ausentes. Os limites impostos acabam afastando pais e filhos.

- Os adolescentes não precisam de limites porque eles já são capazes de entender as regras sociais, e os limites serviriam apenas para inibir a criatividade, a liberdade, a capacidade do adolescente de “amadurecer” sozinho, de encarar a realidade tal como ela é.

OPÇÃO 4: Defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites, mas estes não devem ser impostos com muito rigor:

Esquema:

- Os adolescentes precisam de limites porque todo ser humano deve saber lidar com regras, ter disciplina para enfrentar todo tipo de situação, e isso se constrói ao longo da vida, principalmente, quando se é jovem.

- Por outro lado, esses limites não precisam ser impostos com tanto rigor, porque pode tolher a criatividade do adolescente.

•Após esquematizar os argumentos, seria interessante desenvolver esse esquema em, pelo menos, dois parágrafos.

•Não esquecer de estabelecer uma ligação entre esses parágrafos.

Exemplo: Colocar diferentes maneiras de desenvolver o texto. Escolher apenas uma para a redação não ficar muito extensa e confusa.

Os jovens entre doze e dezoito anos vivem uma fase em que os valores morais e sociais ainda estão se moldando. Trata-se de um período em que o adolescente encontra-se em meio às regras impostas pela escola, pela família, pela sociedade em geral, e essas regras estabelecem limites que, mais tarde, ajudarão esse adolescente de hoje a tornar-se um cidadão íntegro, com caráter e disciplinado.

Além disso, nessa fase bem jovem da vida, não se tem total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado segundo um modelo de vida sadio e com respeito à moral. O adolescente vive cercado de bons e maus exemplos, sendo estes últimos bastante atraentes, tendo em vista o “glamour” da transgressão. Nessa realidade, diferir o que é interessante momentaneamente e o que é correto e promissor não é uma tarefa fácil para o adolescente, por isso é necessário impor limites para que ele aprenda estabelecer essa distinção.

Quarto passo: a conclusão

•Para iniciar a conclusão desse texto, voltar à introdução do texto para relembrar o tema e o objetivo apresentados. Escrever uma frase (ou mais de uma) sintetizando o objetivo do texto e o foco da argumentação (esse foco da argumentação pode ser encontrado no esquema feito para desenvolver o texto).

•Lembrar que não pode repetir o que já foi usado na redação, é preciso usar outras palavras e escrever algo não muito longo, pois é só uma síntese.

Exemplo:

Assim, diante da dúvida se se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade precisa de indivíduos de bom caráter e que tenham noção de disciplina. Para se ter isso, é preciso que os jovens saibam seguir regras, internalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido.


                                                                                                                                                             (5)

•Para encerrar a conclusão, pode ser interessante apresentar uma solução para o problema tratado ou uma sugestão relacionada à questão desenvolvida.

Exemplo: Como a questão que está sendo usada como exemplo diz respeito aos limites, e o desenvolvimento apresentando centra-se na justificativa de se impor, sim, limites aos adolescentes, então, pode fechar o texto com uma das duas opções abaixo:

1) Uma sugestão para os pais: mostrando uma maneira de impor limites apropriada para a geração de adolescentes atual.

2) Uma sugestão para os próprios adolescentes: mostrando uma maneira de entender a imposição de limites como algo positivo.

Escolhendo a segunda opção, por exemplo, para encerrar:

Assim, diante da dúvida se se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade precisa de indivíduos de bom caráter e que tenham noção de disciplina. Para se ter isso, é preciso que os jovens saibam seguir regras, internalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido. Portanto, os adolescentes não devem enxergar os limites impostos como uma forma de perseguição ou como uma maneira de evitar que eles “vivam a vida", mas sim como uma autodefesa diante da liberdade exagerada, da falta de humanidade, do modismo em detrimento do amor próprio e do excesso de "doces armadilhas" que a realidade apresenta.

O TEXTO COMPLETO:

A sociedade constitui-se de pessoas que se transformam ao longo do tempo, mudam a forma de pensar e agir. Isso faz com que uma geração de adolescentes não seja, necessariamente, igual a uma anterior, assim como são diferentes as regras e os valores sociais de cada geração. No entanto, independente da época, sempre existirão regras e valores que moldarão o pensamento, o comportamento, as atitudes dos jovens na sociedade – são os chamados limites, que podem se apresentar de maneiras diversas, com maior ou menor rigor. Hoje, questiona-se se esses limites devem ser impostos aos adolescentes ou se estes devem ser mais livres para estabelecerem seus próprios limites.

Os jovens entre doze e dezoito anos vivem uma fase em que os valores morais e sociais ainda estão se moldando. Trata-se de um período em que o adolescente encontra-se em meio às regras impostas pela escola, pela família, pela sociedade em geral, e essas regras estabelecem limites que, mais tarde, ajudarão esse adolescente de hoje a tornar-se um cidadão íntegro, com caráter e disciplinado.

Além disso, nessa fase bem jovem da vida, não se tem total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado segundo um modelo de vida sadio e com respeito à moral. O adolescente vive cercado de bons e maus exemplos, sendo estes últimos bastante atraentes, tendo em vista o “glamour” da transgressão. Nessa realidade, diferir o que é interessante momentaneamente e o que é correto e promissor não é uma tarefa fácil para o adolescente, por isso é necessário impor limites para que ele aprenda estabelecer essa distinção.

Assim, diante da dúvida se se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade precisa de indivíduos de bom caráter e que tenham noção de disciplina. Para se ter isso, é preciso que os jovens saibam seguir regras, internalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido. Portanto, os adolescentes não devem enxergar os limites impostos como uma forma de perseguição ou como uma maneira de evitar que eles “vivam a vida", mas sim como uma autodefesa diante da liberdade exagerada, da falta de humanidade, do modismo em detrimento do amor próprio e do excesso de "doces armadilhas" que a realidade apresenta.

                                                                                                                                                              (6)

REDAÇÃO DO ENEM: A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) segue os critérios adotados pelos principais vestibulares e concursos: o texto deve se adequar à proposta, apresentar coerência e coesão e ser escrito de acordo com a “norma culta da língua escrita”.

Uma característica distinta da prova do Enem, contudo, é exigir que você apresente uma “proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural”. Portanto, além de analisar a questão em debate, é preciso oferecer uma solução para ela.

Ao elaborar sua proposta, vale a pena levar em conta os seguintes critérios:

Relação com a análise – Imagine um texto sobre a criminalidade entre crianças e adolescentes no Brasil. Ao tratar das causas desse grave problema, ele aponta para a pobreza e o desemprego. Diz, em síntese, que é por falta de condições econômicas dignas que tantos meninos e jovens tornam-se infratores no país. No final, propõe que a educação pública deve sofrer uma reforma profunda, de modo que haja maior acesso a informações, valores e oportunidades.

A princípio, é uma boa proposta. Qualquer um concordaria com ela. Contudo a análise se concentrava em fatores econômicos, e não diretamente na questão educacional. Uma alternativa melhor seria ampliar e otimizar os programas de distribuição de renda como o Bolsa Família. Aí, sim, a proposta estaria bem amarrada com o desenvolvimento.

Respeito a valores humanos – O Enem não busca apenas medir domínio de conteúdos, mas quer também saber se a pessoa que terminou o ensino médio de fato pensa como um cidadão consciente. Assim, além de ser coerente com sua análise, a proposta deve respeitar os direitos humanos, valorizando a igualdade, a liberdade, a solidariedade e a diversidade sociocultural. Não é nada recomendável, nesse sentido, defender medidas como a pena de morte, concordar com qualquer tipo de preconceito (quanto a raça, gênero, orientação sexual, etc.) e nem defender que determinadas culturas são superiores a outras. Até porque com certeza faltariam argumentos racionais nesse sentido!

Mas pode acontecer de uma proposta ferir esses valores de forma menos óbvia. Voltemos ao exemplo do texto sobre as crianças e os adolescentes infratores. O que dizer da ideia de que o envolvimento com o crime ocorre por conta dos maus exemplos dos pais, geralmente pessoas sem preparo, moradores de regiões carentes, que não teriam transmitido aos filhos os valores adequados? Em primeiro lugar, seria o caso de nos perguntarmos se temos dados para afirmar algo assim. De fato vemos na TV bastante criminalidade no ambiente das favelas, porém isso não significa que todos os seus moradores sejam criminosos. Esse tipo de generalização é, evidentemente, um bocado preconceituosa. Portanto, uma proposta baseada nessa ideia - por exemplo, ensinar aos pais o que é certo e errado - iria contra os valores humanos que devemos respeitar.

Medidas específicas e realizáveis – Muitas vezes os textos propõem medidas vagas, gerais, que não adicionam muito à discussão, ainda que respeitem os valores humanos e sejam coerentes com a análise empreendida. Quanto ao problema dos menores infratores, alguém poderia propor melhorar a educação e diminuir a pobreza. O.k., todos concordamos com isso. Mas como melhorar a educação, como diminuir a pobreza? É claro que o ENEM não espera que você tenha conhecimento técnico no assunto. Mas vale um esforço para elaborar medidas mais específicas e concretas, como aumento do salário dos professores da rede pública, maior permanência na escola, apoio à prática de atividades esportivas, programas de bolsas que estimulem o jovem a estudar e se preparar para o mercado, aumento do salário mínimo e melhora na infraestrutura e na segurança nas comunidades mais carentes.

Outro problema comum é um certo excesso de utopia nas propostas apresentadas. Pense bem, se você concorda que a causa do problema é complexa, envolve tanto economia quanto educação, seu texto não pode dizer que basta todos nos darmos as mãos e abraçar a cultura da paz! Acabar inteiramente com a pobreza e a desigualdade, infelizmente, também não é algo que esteja em nosso horizonte. É melhor, nesse caso, pensar pequeno, mas no bom sentido. O que é possível fazer? Que medidas podem trazer um bem maior, dentro das limitações da realidade? Seria mais fecundo propor, para
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                (7)

promover a paz, o combate à cultura da violência, com a formação de grupos de discussão nas comunidades, relatos de histórias de vida de quem se envolveu com o crime, além de medidas que combatam os demais aspectos do problema.

Diálogo com o que existe – Por fim, vale lembrar que os temas do ENEM, por serem de interesse público, normalmente são alvo de ampla discussão na sociedade. Já circulam diversos posicionamentos sobre eles, e os governos e a sociedade certamente estão envolvidos em possíveis soluções, ainda que infelizmente elas nem sempre sejam as melhores. Tanto secretarias e ministérios quanto ONGs realizam ações contra o desmatamento da floresta amazônica, por exemplo.

Por isso, não é preciso reinventar a roda! Com certeza você já conhece algumas das iniciativas existentes, então por que não dialogar com elas? É claro que você não precisa concordar com o que é feito, mas ignorar que elas existem só desvaloriza o seu argumento. Se você considera o Bolsa Família, da forma como funciona hoje, pouco eficiente no combate de problemas como o das crianças e adolescentes envolvidos com a violência, então proponha melhorias a ele, ou diga que apenas distribuir renda não vai adiantar, pois a questão é ainda mais complexa. Mas discuta, dialogue, mostre interesse em participar da busca pelas melhores soluções.

REVISANDO: SEM MEDO DA REDAÇÃO (Enem e Vestibulares)

Você teme mais as 180 questões de múltipla escolha ou a única redação exigida na prova do Enem? A resposta não é muito difícil de imaginar. O ato de elaborar um texto, expor suas ideias e argumentar sobre um assunto que muitas vezes é desconhecido, pode deixar muita gente de cabelo em pé.

Desde sua primeira prova, em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio exige que o estudante faça uma redação. A dissertação-argumentativa (gênero exigido pela banca do Enem e outros) deve ser clara, simples e convincente, afinal, trata-se de um texto opinativo. Mas não é por isso que você vai sair escrevendo qualquer abobrinha só por puro “achismo”, é preciso ter força nos argumentos.


VEJA ALGUMAS DICAS PARA FAZER UMA REDAÇÃO SEM SUSTO

Simplicidade

Talvez essa seja a dica mais importante. Tentar impressionar a banca escrevendo “difícil” pode ser um tiro pela culatra. Afinal, seu texto pode ficar tão “difícil” a ponto de ser cômico e, como é de praxe, virar piada na internet. Além disso, por se tratar de um exame de avaliação de estudantes do Ensino Médio, os responsáveis pela correção das redações do Enem já imaginam um vocabulário simples, de quem ainda está estudando e que pouco lê. Portanto, lembre-se deste conselho: em se tratando de palavras “difíceis”, menos é mais.

Começando

Por onde começar? Pelo título pode ser um mau caminho. Afinal, para tentar se manter naquilo que o seu título indica, você pode acabar limitando seu texto. Então, comece pelo texto e deixe o título por último. No caso da dissertação-argumentativa do Enem, não se esqueça de adiantar o assunto logo no primeiro parágrafo.

Se quiser fazer alguma citação, atenção para alguns detalhes:

- Citar frases ou bordões de novelas, filmes ou programas de entretenimento pode parecer fútil e vazio aos olhos da banca corretora.

- Prefira frases, declarações ou expressões de personalidades da educação, da literatura ou das artes, que estão mais ligadas ao seu cotidiano estudantil e mostram vínculo cultural.

                                                                                                                                                              (8)

- Cuidado na hora de citar esses autores. Se não se lembrar ao certo o que ele (a) disse, prefira uma citação indireta, dizendo com suas palavras a citação em questão (como paráfrase) dando os créditos ao dono da “ideia”. Se lembrar da frase por completo, coloque aspas do início ao fim e também cite o nome do autor, sem mudar sua declaração.

Língua portuguesa

Os corretores do Enem (e de qualquer bom vestibular) são severos neste ponto: não admitem erros de português. A norma culta é indispensável e isto está claro nas instruções da prova do Enem.

Veja algumas dicas do que deve ser evitado:

- Não utilize gírias

A não ser que esteja absolutamente dentro do contexto (se estiver sendo usada para exemplar a fala dos jovens atualmente, em um texto sobre a adolescência, por exemplo), as gírias não são aconselhadas.

- Sem coloquialismo

A escrita não funciona exatamente do modo como falamos. Portanto, cuidado ao tentar escrever de maneira “simples”, como dito acima, para não exceder na simplicidade. A formalidade deve estar acima do coloquialismo.

- Nada de versos

O texto exigido na prova de Redação do Enem deve ser escrito em prosa. E texto em prosa é todo aquele que não está escrito em versos. Sendo assim, nada de utilizar versos e escrever sua Redação como uma “ode” ou poesia. Isso também está nas instruções da prova.

- Evite ser prolixo

Utilizar mil verbos para dizer algo que poderia ser dito com um ou dois torna a leitura cansativa e prolixa. Mostrar poder de sintaxe, sendo o mais coeso possível, lhe dará pontos no final. Evite também períodos muito longos.

- Fique longe dos modismos

A TV é a grande culpada da disseminação de alguns modismos linguísticos que são errados. Exemplos desses “acidentes” são expressões como “a nível de”, “no sentido de” ou mesmo os gerúndios, como “estar falando”. Essas expressões são consideradas “vazias”, por serem apenas “muletas”, que empobrecem o texto. Utilizá-las pode ser um atestado de reprovação na redação.

- Cuidado com a letra

Sabe aquele caderninho de caligrafia que você tanto odiava? Pois é, ele poderia ser um grande aliado no quesito legibilidade. Como as redações do Enem são escritas à mão (e de caneta, o que torna a escrita mais escorregadia e menos aderente do que com um lápis ou lapiseira), subentende-se que quem vai ler o que você escreveu precisa entender sua letra. Se sua letra é ilegível, a leitura pode tornar-se cansativa e de difícil compreensão, deixando o corretor (que, no mesmo dia, lerá dezenas de redações semelhantes) um pouco irritado.

- Esqueça o “internetês”!

A não ser que, como no caso das gírias, você esteja exemplando a escrita dos jovens na internet, por exemplo, em hipótese alguma, escreva da mesma forma com a qual se comunica pela rede. A língua portuguesa acaba de receber algumas reformas, mas, por enquanto, incorporar abreviações como “pq”, “vc”, ou expressões como “naum” e substituir o acento agudo pelo “h” ou o “o” pelo “u” ainda não está nos planos da Academia Brasileira de Letras.


                                                                                                                                                              (9)


- Modere no estrangeirismo

Palavras como “ranking” ou “show” foram incorporadas à nossa língua e podem ser usadas tranquilamente. Você precisa ter cuidado é com o exagero de palavras em outros idiomas, elas podem empobrecer sua redação.

Argumentação

É na construção de seus argumentos que o candidato mostra ter ou não conhecimento. Como a dissertação é um gênero opinativo, você terá de apontar argumentos convincentes e que façam sentido. É com a leitura de jornais, revistas e livros que você adquire domínio argumentativo e consegue, ao escrever, “convencer” o leitor, ao menos, de que tem embasamento.

A proposta de redação do Enem vem, geralmente, acompanhada de uma coletânea. Essa coletânea pode ser composta de letras de música, declarações, frases, poesias, textos e/ou imagens. Com base nessas informações, você pode começar a construir sua argumentação, mas, não deve limitá-la à coletânea. Isso quer dizer que, além de retomar idéias da coletânea (o que mostra que você leu atentamente o material oferecido), você deve acrescentar informações externas, que sejam de seu conhecimento, adquiridas por meio de leitura. Essa é uma maneira de deixar claro para a banca que você é bem informado (a).

Não fuja do tema. Viajar demais e partir para outros assuntos (tentando mostrar conhecimento) pode acabar lhe prejudicando.

Treine!

A redação é, sem dúvida, uma das provas mais importantes de qualquer processo seletivo que se preze. Vestibulares, concursos e outros exames geralmente exigem dos candidatos que redijam textos, de gêneros e temas variados, para, desta forma, selecionar quem conseguiu a vaga em disputa.

Faça textos semanais, treine a escrita, mantenha a leitura em dia e esteja preparado para a prova de Redação, não só a do Enem. Ler é a melhor forma de aprender a escrever e, ter domínio da escrita lhe ajudará em muitas ocasiões de sua vida profissional ou social, para o resto da vida!

O QUE OS ESTUDANTES QUEREM SABER:

1) Preciso ler os textos de apoio? É imprescindível interpretar a proposta. Leia – pelo menos – duas vezes, atentamente, o texto ou textos de apoio que normalmente aparecem e, a seguir, leia o tema e reflita sobre ele.

2) Preciso fazer rascunho? É claro que sim! As ideias não vêm em ordem. Coloque suas ideias todas no papel, só depois você vai se preocupar em organizá-las.

3) Posso usar exemplos ou copiar partes do texto de apoio? Usar exemplos para ilustrar a argumentação é uma boa pedida, mas cuidado! O exemplo deve ser breve, apenas ilustrativo. Jamais copie ou escreva com suas palavras (parafrasear) partes dos textos de apoio.

4) Começo pela redação ou por outras questões? Faça o seu rascunho antes de qualquer coisa. Você deve aproveitar que a cabeça está fresquinha e colocar tudo no papel. Depois que o rascunho estiver pronto, preocupe-se com outras questões. Dê um tempo para desligar-se do texto produzido. Esse tempo é importante, pois só assim é possível observar erros na organização das ideias.

5) Preciso dividir meu texto em parágrafos? Certamente! Normalmente quatro parágrafos: um de introdução e um de conclusão com uma média de cinco linhas cada e dois de desenvolvimento com uma média de 8 linhas cada.


                                                                                                                                                             (9)


6) Posso usar “eu” ou “na minha opinião”? Não! São poucos os vestibulares que não se importam com o uso da primeira pessoa. Deve-se usar terceira pessoa para que pareça mais impessoal, ou seja, a tese defendida é também a visão de outros.

7) Quando eu devo passar a limpo? Para se desligar do texto, resolva a prova de Português ou de outra disciplina – não é uma boa deixar para o final – e, depois, retorne para o seu texto, leia-o atentamente para, então, organizá-lo. Não se esqueça de observar o número de linhas.

8) Minha letra não é bonita, isso é problema? Problema é letra ilegível, aquela que nem você mesmo entende o que escreveu. A letra precisa ser legível, procure caprichar.

9) Se eu errar algo quando estiver passando a limpo, o que faço? Apenas, eu disse, apenas, passe um traço em cima da palavra e reescreva-a ao lado. Nada de usar digo para fazer a correção.

10) Devo colocar título? Sim, poucas Instituições não exigem título. Além disso, é a última tarefa a ser realizada. Como o título é o resumo máximo do seu texto, primeiramente ele deve estar escrito.

OBSERVAÇÃO

1 – Cuidado para não perder pontos na Redação com o uso errado do pronome ‘onde’. Veja o uso correto em http://wwwmjoaquimprofbioeletras.blogspot.com

Outro detalhe importante é a organização do texto no papel. Não se esqueça de deixar o recuo para começar cada parágrafo. Além disso, as margens esquerda e direita devem ser respeitadas, cada linha deve começar e terminar no mesmo ponto, exceto início e término de parágrafo.

2 – Outras dicas sobre redação para vestibulares ou Enem em: http://wwwmjoaquimprofbioeletras.blogspot.com

Bons Estudos!