RELACIONAMENTO X MODERNIDADE
Tenho recebido ultimamente muitos e-mails que falam sobre novos tipos de relacionamentos, atitudes modernas, textos que falam sobre estágios que precisam ser alcançados para conseguirmos a tão sonhada felicidade. È bem verdade que os tempos mudaram e que não temos a concepção de romance romântico que tinham os nossos avós. A nova geração, a qual pertenço, tende a desmistificar os sentimentos com uma facilidade que considero algumas vezes prejudicial, caso não bem interpretada.
Fala-se muito de um sentimento mais liberal, de se fazer e tomar atitudes sozinhas, o que considero perfeitamente normal, afinal de contas a sociedade mudou bastante, um forte exemplo disso é o papel das mulheres na sociedade. Os homens estão adaptando-se a nova ideia de que as mulheres possuem sua independência, e que como os homens, elas tem ambições e desejos, portanto tem o mesmo direito de concretização. Por outro lado, em meio a toda aparente modernidade, nos deparamos com uma sociedade ainda machista, desigual, e que na realidade todos ainda deverão ter uma longa discussão sobre igualdade de sexos.
Creio que essa "modernidade" melhorou a vida de algumas pessoas, percebemos que ninguém é insubstituível, mas não podemos esquecer o quanto é importante ter alguém ao lado. Assistir um filme sozinho hoje pode parecer uma atitude natural ou até mesmo um reflexo da independência, mas o que acredito mesmo é que estamos nos voltando tanto para nós mesmos, que acabamos escutando apenas o nosso próprio eco. Assistir um filme sozinho é bom, aproveite isso, porém, não ter alguém ao lado para se comentar aquela cena engraçada, ou ficar constrangido ao rir de algo que ele nem ao menos percebeu... Isso não tem preço. Na realidade o companheirismo não se resume apenas a sexo, risos ou algo do tipo. Se assim fosse os relacionamentos não durariam, pois relações sólidas são aquelas que enfrentam as mais diversas situações. As pessoas parecem ter uma receita para a felicidade, como se fossemos todos iguais, saídos da mesma forma. Uma pitada de determinação, outra dose de independência, e pronto! Uma pessoa prestes a ser feliz! A felicidade para mim consiste em ser feliz a sua forma, pois todo ser humano possui uma forma de amar. Não acredito naquelas falas e romances clichês, acredito na modernidade (até certo ponto), acredito em reinventar uma forma de felicidade, pois é isso o que fazemos todos os dias, criamos novas formas de sermos felizes, de amar, de sonhar.
Não quero prever um futuro puramente racional, pois as pessoas são feitas em grande parte de emoções. Relacionamentos não são relações de conveniência. Não se fica com alguém apenas por que ela te satisfaz em algum momento, e depois deixa pra lá, pensando: é... Fulano é muito bom, mas não preciso dela para viver, não preciso que ela faça parte da minha vida, pois pra isso já me basta. O ser humano não possui um termômetro para se saber a que temperatura deve parar, ou uma bula para se saber a dose certa, até que ponto podemos nos envolver sem que nos tornemos dependentes, do telefonema, da visita, do beijo, abraço. Somos donos de nós mesmos, mas ainda não sabemos mandar em nossos sentimentos....
Ana Paula Acácio.
Publicação: www.paralerepensar.com.br - 15/03/2008
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