domingo, 11 de março de 2012

EDITORIAL

O QUE É UM EDITORIAL?
No Manual de Jornalismo, de Anabela Gradim:
O editorial é um texto da responsabilidade da direção do jornal, que deverá acompanhar cada número da publicação, e que se debruça sobre os acontecimentos mais marcantes da atualidade ou dessa edição do periódico, comentando, analisando, exortando – em suma, fazendo opinião; não uma opinião qualquer, mas a opinião do jornal. E é esta característica que distingue o editorial dos restantes textos de opinião do jornal.

COMO FAZER UM EDITORIAL?                                                                                           
É necessário saber que um editorial tem caráter dissertativo. Ou seja: defende teses. Geralmente as teses são enunciadas na introdução, seguindo-se, no corpo da matéria, a concatenação dos fatos e argumentos que levarão o leitor, na conclusão, a endossar o pensamento do veículo.
PARTES
1 – Justificativa do tema
2 –  Apresentação da tese
3 – Corpo
4 – Conclusão
EXEMPLOS
Editorial da  Folha de São Paulo
Teses 
·        Houve em Granada um golpe militar com o assassinato do ex-ministro.
·        Houve uma intervenção externa, por   tropas dos EUA, com a participação de países da região.
·        A interferência foi injustificável.
Argumentos
A não-ingerência em assuntos internos de outros países é um princípio básico e universal aceitável.
Reagan foi irresponsável, pois se são condenáveis o golpe e o assassinato de Bishop, tão mais condenável é a invasão consumada, que comente contribui para o agravamento de um quadro internacional já extremamente tenso.
Conclusão
A invasão é injustificável, pois as razões alegadas por Reagan:
·        revelam-se retóricas e inconsistentes;
·        Fazem lembrar discurso de que se tem valido regimes totalitários para justificar interesses hegemônicos e ações expansionistas.

EDITORIAL DE “O ESTADÃO”
Teses 
·        Houve em Granada um golpe de inspiração soviética.
·        Os países do Caricom julgaram incompatível a incorporação de Granada à influência cubano-soviética.
·        A interferência foi justificável
Argumentos  
·        Cabem a Caribean Community os mesmos direitos da própria OEA que na Conferência de Punta Del Este declarou  a incompatibilidade do sistema interamericano com o comunismo
·        Como o comunismo se expandiu na região por meio de ações bélicas, também deve ser sustado pelas armas.
Os comunistas não devem ser aceitos no comando de governos estabelecidos e
       intocáveis.
Conclusão
·        A intervenção é justificável, pois: se os EUA vacilarem em um lugar,   tal fato afetaria suas ações em outros lugares;
·        Moscou não pode arrogar-se o direito de eliminar, em qualquer parte do mundo, dirigentes políticos só porque não gozam de integral confiança.       Análise
É importante, ao analisarmos um editorial verificar, por exemplo, quais os fundamentos filosóficos, sociológicos ou políticos que sustentam as argumentações desse editorial? Bem como quais os conceitos (ou pré-conceitos) que os jornais querem passar aos leitores?
O gênero opinativo no jornalismo costuma ocupar pouco espaço. As matérias opinativas são, contudo, de fácil identificação, merecendo destaque em meio às notícias e reportagens.
O jornalismo brasileiro, até bem pouco tempo, vivia em função quase exclusivamente da defesa explicita de ideias e princípios. Podemos dizer que foi depois da 2a Guerra Mundial que nossos jornais conseguiram libertar-se da preocupação excessiva com a opinião de seus proprietários para apresentar como um serviço noticioso “neutro”, capaz de fornecer as informações necessárias para o funcionamento da sociedade.

             
OUTROS EXEMPLOS
Ex.: 1                                                           
 Editorial
Rafael Reinehr
Depois de algumas semanas sem um editorial, precisava voltar à carga realmente “detonando” (desculpem o trocadilho). Como fazer para não passar vergonha com um rabisco qualquer sem sentido ou sem importância? É claro! Fiz o que qualquer gênio da idade pós-moderna faria: fui pesquisar no Google!
Depois de algumas semanas sem um editorial, precisava voltar à carga realmente “detonando” (desculpem o trocadilho). Como fazer para não passar vergonha com um rabisco qualquer sem sentido ou sem importância? É claro! Fiz o que qualquer gênio da idade pós-moderna faria: fui pesquisar no Google!
Em um instante, digitei lá: “editorial como fazer” (sem as aspas). Tive alguma sorte: já em primeiro lugar, uma página intitulada “Como fazer um editorial”, em html gerada de um documento do Word tentava, de forma rudimentar, dar algumas dicas sobre o assunto. Bem, “aprendi” que escrever um editorial é defender uma tese. Na defesa da tese apresentada na introdução, a concatenação dos fatos e os argumentos apresentados no corpo deverão levar o leitor, ao concluir a leitura, a concordar com o argumento do editor. Hummm... Esclarecedor....
Na segunda página, uma do Yahoo Respostas, uma estudante de Jornalismo tenta responder sobre como escrever editoriais para um jornal. A resposta até que foi boa, mas não me ajudou de forma prática a resolver minha encrenca, que era escrever um editorial para hoje à noite, sem falta.
Do terceiro ao décimo resultado, nada me ajudou. Eram artigos sem nenhuma referência àquilo que estava procurando. Fiquei estático. E agora, para onde ir, para onde sorrir?
Decidi percorrer um caminho perigoso: criticar o todo poderoso Google, que, naquele momento, estava me deixando na mão. Resolvi, para não criticar de forma vazia, repetir a mesma busca no Cadê, e o resultado foi mais impressionante: nenhuma das dez primeiras buscas me ajudavam a escrever um editorial. No máximo uma resenha.
Já me sentindo um jornalista em plena atividade investigativa, resolvi fuçar: pesquisei também com as palavras chaves “como fazer um editorial” sem aspas e depois com aspas e nada mudou. Continuei com as mesmas poucas respostas que já tinha.
Foi aí que olhei para cima da minha página do Open Office e vi que já tinha digitado 1948 caracteres até a letra “o” de “digitado” e vi que, se escrevesse mais do que isso, ninguém leria meu tão suado Editorial.
Chegando a esta conclusão, peguei na caneta-tinteiro pela derradeira vez e isto feito, assinei meu nome embaixo e enviei o Editorial para a prensa.

Rafael Reinehr
PS: este editorial é, na verdade, uma obra de ficção, já que os fatos não aconteceram da forma narrada.

Ex.: 2
 Editorial: Exemplo de política pública
O programa da Farmácia Popular é um exemplo de política pública que merece ser melhor debatido, analisado e copiado para outros setores no Brasil. Ele começou com um subsídio de até 90% no preço dos medicamentos mais usados pela população, em especial os hipertensos e os diabéticos. Desde ontem, porém, o subsídio passou para 100%. Qualquer cidadão, de posse do CPF e de uma receita médica com validade de até 120 dias pode se dirigir às 15.069 farmácias e drogarias que participam do programa e pegar o medicamento, gratuitamente. Em Minas, são 2.800 farmácias.
Embora tenha sido uma promessa da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, o subsídio total à aquisição de remédios é bem-vindo na medida em que o usuário que estiver se medicando regularmente, seja o hipertenso ou o diabético, dará menos trabalho para o médico e menos despesas para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O Governo federal não divulgou as contas, mas deve ficar bem mais barato para o SUS comprar o remédio e distribuí-lo gratuitamente do que tratar o paciente nos prontos-socorros dos hospitais. Um paciente deste internado três dias no hospital pode ficar mais caro do que todos os remédios gratuitos que ele tomará durante toda a sua vida.
De qualquer modo, não só pela economia de recursos, mas pela amplitude social do programa, o Farmácia Popular deve ser elevado ao roll daquelas iniciativas públicas de sucesso, desde o seu início. De preferência, deve ser copiado, no que couber, por outras políticas públicas.
Na área de saúde, para lembrar apenas mais um programa até certo ponto recente do Governo federal, a rede de ambulâncias do SUS também é sucesso junto à opinião pública. Até há pouco tempo, ambulância buscando acidentados na rua era uma raridade, à exceção dos filmes na televisão. Hoje, toda a população sabe que pode ligar para o Samu. Embora haja denúncias de demora no atendimento, estas são poucas em relação a todos os beneficiados.
Em seu primeiro evento público no Palácio do Planalto após a posse, a presidente Dilma argumentou que seu objetivo era impedir que o ônus da diferença da renda colocasse em risco os portadores de doenças para as quais a medicina já tem tratamento. Em outras palavras, não será por falta de dinheiro que alguém no Brasil deixará de tomar o remédio receitado pelo médico. É preciso agora reforçar a fiscalização, que já é boa, da Farmácia Popular. A aquisição é controlada on line pelo computador e deve ser aperfeiçoada em benefício de todos.

Ex.: 3
‘O Globo’ sobre a Lei de Biossegurança 
Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei de Biossegurança que precisa votar por ter sido modificada no Senado.
É muito longa a pauta de projetos à espera de apreciação: além de outras importantes leis, há projetos de emendas constitucionais e uma série de medidas provisórias, que trancam a pauta.
Mas, com tudo isso, é importante que os deputados tenham consciência da necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na área das células-tronco embrionárias.
Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor.
Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida com veemência por seu governador, o mais do que conservador Arnold Schwarzenegger.
O caso chama a atenção porque o ex-ator, ao contrário de outros republicanos (como Ron Reagan, cujo pai sofria do mal de Alzheimer), não tem interesse pessoal no desenvolvimento de tratamentos médicos para doenças degenerativas hoje incuráveis.
Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher Reeve, que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para convencer Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa.
O projeto que retornou do Senado ainda inclui graves restrições à ciência, como a limitação das pesquisas às células de embriões congelados há pelo menos três anos nas clínicas de fertilização — embriões descartados que, com qualquer tempo de congelamento, vão acabar no lixo.
Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuticos, hoje vedada, e que é particularmente promissora.
Ainda assim, comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da Câmara, o novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo à frente. Merece ser apreciado com rapidez e aprovado pelos deputados.
(O Globo, 5/11)

EXEMPLOS DE EDITORIAL PODEM SER LIDOS EM JORNAIS, REVISTAS ETC.

              http://www.youtube.com/watch?v=aHPrQLkKBU
             Editorial: A farsa sobre o carnaval

           


   
 


















Nenhum comentário:

Postar um comentário