sábado, 26 de março de 2011

GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
CENTRO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO E LINGUAGEM - CEEL
CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ESCOLA









PRODUÇÃO TEXTUAL: MITO OU DESAFIO?






Relato apresentado ao Prof. Ms. Jorge Lira,
como requisito para a conclusão do curso
de Produção de Textos na Escola.




Manoel Joaquim da Silva





Recife - PE
Dezembro/2009
PRODUÇÃO TEXTUAL: MITO OU DESAFIO?

Prof. Manoel Joaquim da Silva
Escola de Referência em Ensino Médio de Timbaúba
Timbaúba-PE - 3ª série do Ensino Médio

O trabalho com produção de textos na escola é bastante questionado sobre como fazê-lo, que metas devem ser traçadas e para que servem estes textos.
Para alguns professores, trabalhar a produção textual é tarefa difícil e, às vezes, chegam a transformar a ideia em um pretexto, como forma de fazer o tempo passar e criam assim uma fantasia que não corresponde à realidade. Outros, por sua vez, lançam mão do desafio, mesmo sabendo que a tarefa é difícil de ser executada, vão além, procurando estimular os alunos ao exercício da escrita adequado às diversas situações da vida.
Diante desta visão, é preciso enfrentar obstáculos procurando superá-los, fazendo o aluno acreditar na sua capacidade enquanto leitor e produtor de textos. A partir do momento em que ele passa a entender o quê, para quê , para quem e em que momento produz, compreenderá o objetivo em que está fundamentada a ação comunicativa por meio da escrita com base em gêneros textuais diversos que circulam na sociedade.
Neste relato, será demonstrado como foi realizado na prática, o trabalho de produção textual. O público-alvo envolvido foi de 34(trinta e quatro alunos) da 3ª série do ensino médio da Escola de Referência em Ensino Médio de Timbaúba
Os alunos, de classe média e faixa etária entre 15 e 17 anos, já apresentavam, na série, uma certa habilidade para a escrita e, para enfatizar mais esta prática, foram colocados em evidência objetivos didáticos tais como: identificar nos textos produzidos os aspectos semânticos e as características de cada gênero, compreender o destino do que se escreve e perceber aspectos como a intencionalidade e progressão temática destes textos dentro dos padrões concernentes a eles.
Apresentados os objetivos, os alunos foram orientados a produzirem textos de diferentes gêneros como poemas, textos argumentativos e informativos dentro da ordem do narrar. Dando início ao trabalho, fez-se necessária uma preparação a partir de estratégias didáticas, dentre as quais foram incluídas: leitura deleite, breve discussão sobre tipologia e gêneros textuais e exposição sobre a importância de um texto bem escrito, considerando-se assim o papel do produtor e a quem este texto será destinado, quem serão os seus interlocutores. Em seguida, tiveram início as produções que, logo após a conclusão, circularam por toda a classe onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer um pouco das diversas produções realizadas pelos colegas. Determinei que elegessem 5(cinco) dos textos que observaram para continuarmos fazendo abordagens sobre diversos aspectos textuais, como o semântico, por exemplo, a relevância do conteúdo e a estrutura textual dentro de um contexto sociodiscursivo. Entre a escolha, eles optaram por dois poemas, dois textos argumentativos e um informativo, todos pertencentes à ordem do narrar.
Com a releitura dos textos selecionados, compararam-se as diferenças e semelhanças entre um mesmo gênero e sua respectiva estrutura. Nos poemas foram trabalhados o sentido das estrofes: revisão, diferenciando verso de estrofe, a métrica e jogo com as palavras (neologismos, gírias, etc.), que podem ganhar espaço neste tipo de produção; já nos textos argumentativos foram abordados conceitos e finalidades, função dos conectivos, retomadas textuais e expressões coesivas que garantem a compreensão e a sustentação dos argumentos. O texto informativo serviu para gerar uma discussão em torno do que ele significa, o teor de informatividade que expressa e a linguagem que ele apresenta.
Foi cedido o momento para os autores destes textos argumentarem os seus pontos de vista sobre o que escreveram. Eles puderam explicitar para os colegas suas intenções ao escreverem os textos selecionados. Quanto aos textos produzidos pelos demais alunos, estes não foram esquecidos, foi planejado um momento para se questionar os seus conteúdos, e desta forma, se promover maior interação entre o grande grupo para se tomar conhecimento de outros gêneros (piadas, receitas, propagandas, etc.), com suas respectivas características e finalidades. Durante os debates perceberam-se avanços na compreensão do texto escrito e a capacidade de se inferir no que se escreve.
Os textos foram lidos, discutidos e alguns alunos foram convidados a repensar um pouco mais a sua prática de produção, procurando assim descobrir alguns pontos que deveriam ser melhor esclarecidos. O momento de refacção do texto para esta finalidade é fundamental e para facilitar o trabalho lancei uma sequência didática visando subsidiar a prática.
A sequência foi a seguinte: trabalhar a questão inferencial, reler mais de uma vez o que está escrito, observar a articulação entre os parágrafos, analisar o valor do conteúdo expresso, observar aspectos como coesão, coerência, intencionalidade, situacionalidade, etc., adequar o vocabulário ao texto, aprimorar conhecimentos sobre o assunto, fazer a revisão gramatical, escrever com clareza e legibilidade, passar o texto a limpo, fazer uma nova leitura, compará-lo com o anterior e tirar conclusões. Tudo isto levando-se em consideração que todo texto tem um destino e que para ser bem compreendido deve apresentar boa qualidade. Para concretizar esta ação, os textos produzidos pelos alunos foram expostos no mural de leitura, na área externa da biblioteca por um período de 15(quinze dias) para que outras pessoas pudessem apreciar o conteúdo dos mesmos.
A oficina de textos foi realizada em doze aulas, proporcionando maior integração do grupo. Alguns deles também foram expostos em sala de aula para maior apreciação. Os avanços na ampliação do vocabulário, análise linguística e compreensão tornaram-se mais relevantes nesta oficina de produção escrita o que estimulou os alunos à prática de escrever melhor. Isto também contribuiu para estimular a prática de leitura referente à tipologia e gêneros textuais como também para compreender o papel destes não somente no meio escolar mas também nas práticas sociais.
Com práticas adequadas aos níveis de uma classe é possível (re)construir valores e saberes e, assim, ir aos poucos, enfrentando os desafios com estratégias didáticas significativas.












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