O TEXTO
O texto será bem compreendido quando avaliado sob três
aspectos:
I - pragmático: atuação informacional e comunicativa;
II - semântico-conceitual: coerência;
III - formal: coesão.
PRAGMÁTICA
Pragmática é o ramo da linguística que estuda a linguagem no
contexto de seu uso na comunicação. As palavras, em sua significação comum,
assumem muitas vezes outros significados distintos no uso da língua e, mais
recentemente, o campo de estudo da pragmática passou a englobar o estudo da
linguagem comum e o uso concreto da linguagem, enquanto a semântica e a sintaxe
constituem a construção teórica. A pragmática, portanto, estuda os significados
linguísticos determinados não exclusivamente pela semântica proposicional ou
frásica, mas aqueles que se deduzem a partir de um contexto extralinguístico:
discursivo, situacional, etc.
A capacidade de compreender a intenção do locutor é chamada
de competência pragmática. A pragmática está além da construção da frase,
estudado na sintaxe, ou do seu significado, estudado pela semântica. A
pragmática estuda essencialmente os objetivos da comunicação. Como exemplo,
suponha uma pessoa queira fazer uma segunda pessoa não fumar numa sala. Pode
simplesmente dizer, de uma forma muito direta: "Pode deixar de fumar, por
favor?". Ou, em alternativa, pode dizer: "Huumm, esta sala precisa de
um purificador de ar". Repare que a palavra 'fumo' ou 'fumar' não é
utilizada, mas indiretamente revela a intenção do locutor.
OS FATORES LINGUÍSTICOS
COERÊNCIA: Um texto para ser coerente depende do
conhecimento da língua e de mundo e do grau de compartilhamento desse
conhecimento entre produtor e receptor. Se o receptor de um texto não conhecer
bem a língua que lhe deu forma, bem como a realidade de que ele fala, com toda
certeza irá classificá-lo como incoerente. A coerência textual depende também
das inferências, da intertextualidade, dos fatores pragmáticos e interacionais
(tipos de atos de fala na interação, contexto de situação, intenção
comunicativa).
COESÃO: A coesão é responsável pela ligação dos sentidos
isolados para evidenciar a estruturação da sequência superficial do texto, não
perdendo de vista o todo e a intenção com que se produz esse todo, para
constituir finalmente um texto. Os mecanismos para a coesão de um texto podem
ser o uso adequado dos operadores argumentativos, do léxico através da
reiteração (repetição do mesmo item lexical: sinônimos, nomes genéricos etc.) e
da colocação (uso de termos pertencentes a um mesmo campo significativo).
OS FATORES PRAGMÁTICOS DA TEXTUALIDADE
INTENCIONALIDADE: revela o esforço feito pelo produtor para
estabelecer um discurso coerente e coeso a fim de cumprir o seu objetivo
comunicativo em função do receptor.
ACEITABILIDADE: é inerente ao receptor, que analisa e avalia
o grau de coerência, coesão, utilidade e relevância do texto capaz de levá-lo a
alargar os seus conhecimentos ou de aceitar a intenção do produtor.
SITUACIONALIDADE: é responsável pela adequação do texto ao
contexto sociocomunicativo.
INFORMATIVIDADE: responde pela suficiência de dados no
texto, como também pelo grau de previsibilidade nas ocorrências no plano
conceitual e no formal.
INTERTEXTUALIDADE: mostra a interdependência dos textos
entre si, tendo em vista que um texto só faz sentido quando é entendido em
relação a outro texto.
FATORES PRAGMÁTICOS:
Tipos de fala, contexto de situação, intenção comunicativa,
características e crenças do produtor e receptor.
Intencionalidade – fator pragmático - Redator/produtor/emissor.
Satisfazer os objetivos que tem em mente numa determinada
situação comunicativa: informar, impressionar, alarmar, convencer, pedir,
ofender, etc.
Aceitabilidade – fator pragmático - Receptor/recebedor/leitor
(a quem? Para quem?). Conjunto de ocorrências de um texto
coerente, capaz de levar o leitor a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os
objetivos do produtor. A aceitabilidade depende da autenticidade – qualidade,
veracidade.
Informatividade – fator pragmático – Quantidade de
informação – Suficientes para que seja compreendido com o sentido que o redator
pretende. Não é possível nem desejável que o texto explicite todas as
informações necessárias; é preciso que deixe inequívocos os dados para o
receptor compreender a mensagem. O nível de informação ideal é o mediano, no
qual se alternam ocorrências de processamento imediato, que falem do conhecido,
mas que trazem informação. Discurso menos previsível – mais informativo (
recepção mais trabalhosa, mais envolvente). Discurso mais previsível – menos informativo
( tendência a rejeição).
Intertextualidade – fator pragmático – Concerne aos fatores
que fazem a utilização de um texto dependente de outro(s) texto(s). Inúmeros
textos só fazem sentido quando entendidos
em relação a outros textos que
funcionam como contexto, pois um discurso constrói-se através de um
já-dito em relação a outros textos, que funcionam como seu contexto.
Situacionalidade – fator pragmático – Diz respeito aos
elementos responsáveis pela pertinência
e RELEVÂNCIA - importância da informação
– do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação
sociocomunicativa. O contexto pode, realmente, definir o sentido do discurso e,
normalmente, orienta tanto a produção quanto a recepção.
Inferências: Ideias não expostas, mas subtendidas. Conexões
que o leitor faz (contexto), tentando alcançar uma interpretação do que lê ou
ouve, estabelecendo uma relação não explícita no texto.
Focalização: É a maneira como cada leitor vê o texto.
Ex.: Um médico, um advogado, um engenheiro.... lendo um
romance. (cada um terá uma visão).
Conhecimento de mundo: O texto fala sobre o quê?
Conhecimento partilhado: Necessário para a compreensão
do texto - emissor e receptor devem ter
um conhecimento de mundo com certo grau
de similaridade, constituindo o conhecimento compartilhado.
Conhecimento linguístico: é o conhecimento da gramática em
si e sua aplicação dentro do texto para que possa ser estabelecida a coerência.
Ex.: Uso de artigos, ordem das palavras, conjunções, tempos
verbais....
Contextualização: Informações sobre localização, data e
autor (texto).
EXERCÍCIO
Redija um texto dissertativo-argumentativo evitando vícios
de linguagem e usando adequadamente os fatores que garantem a qualidade de um
bom texto. Lembre-se também dos aspectos semânticos e morfossintáticos. USE A
NORMA CULTA DA LÍNGUA. NÃO ESQUEÇA DE ATRIBUIR UM TÍTULO AO SEU TEXTO.
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