quinta-feira, 11 de julho de 2013

O texto dissertativo-argumentativo

Texto Dissertativo / Argumentativo  (revisão)
     
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.

Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.

O texto dissertativo argumentativo tem uma estrutura convencional, formada por três partes essenciais:

Introdução

Que apresenta o assunto e o posicionamento do autor. 
Ao se posicionar, o autor formula uma tese ou a ideia principal do texto.

Teatro e escola, em princípio, parecem ser espaços distintos, que desenvolvem atividades complementares diferentes. Em contraposição ao ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos seus assuntos pretensamente "sérios" , o teatro se configura como um espaço de lazer e diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia antiga, veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se imagina.(tese).

Desenvolvimento

Formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Normalmente,  em cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparações entre situações, épocas e lugares diferentes, pode também se apoiar em depoimentos ou citações de pessoas especializadas no assunto abordado, em dados estatísticos, pesquisas, alusões históricas.

O teatro grego apresentava uma função eminentemente pedagógica. Com sua tragédias, Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão da plateia mas também, e sobretudo, pôr em discussão certos temas que dividiam a opinião pública naquele momento de transformação da sociedade grega. Poderia um filho desposar a própria mãe, depois de ter assassinado o pai de forma involuntária (tema de Édipo Rei)? Poderia uma mãe assassinar os filhos e depois matar-se por causa de um relacionamento amoroso (tema de Medeia e ainda atual, como comprova o caso da cruel mãe americana que, há alguns anos, jogou os filhos no lago para poder namorar livremente)?

Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores místicos, baseados na tradição religiosa, para os valores da polis, isto é, aqueles resultantes da formação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um papel político e pedagógico, à medida que punha em xeque e em choque essas duas ordens de valores e apontava novos caminhos para a civilização grega. "Ir ao teatro", para os gregos, não era apenas uma diversão, mas uma forma de refletir sobre o destino da própria comunidade em que se vivia, bem como sobre valores coletivos e individuais.

Deixando de lado as diferenças obviamente existentes em torno dos gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama), em que o teatro grego, quanto a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para Bertold Brecht, por exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a função do teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças tiveram um papel essencial pedagógico voltadas para a conscientização de trabalhadores e para a resistência política na Alemanha nazista dos anos 30 do século XX.
                                                                                                                                 
O teatro, ao representar situações de nossa própria vida - sejam elas engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais, etc. - põe o homem a nu, diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada representação, a vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o teatro é escola. É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes a vida real, muito além dos palcos e dos camarins.

Conclusão

Que geralmente retoma a tese, sintetizando as ideias gerais do texto ou propondo soluções para o problema discutido. Mais raramente, a conclusão pode vir na forma de interrogação ou representada por um elemento-surpresa. No caso da interrogação, ela é meramente retórica e deve já ter sido respondida pelo texto. O elemento surpresa consiste quase sempre em uma citação científica, filosófica ou literária, em uma formulação irônica ou em uma ideia reveladora que surpreenda o leitor e, ao mesmo tempo, dê novos significados ao texto.

Que o teatro seja uma forma alternativa de ensino e aprendizagem, é inegável. A escola sempre teve muito a aprender com o teatro, assim como este, de certa forma, e em linguagem própria, complementa o trabalho de gerações de educadores, preocupados com a formação plena do ser humano.      (conclusão)

Quisera as aulas também pudessem ter o encanto do teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o envolvimento da música, o brilho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração do público. Vamos ao teatro! (elemento- surpresa)

(Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, professora de Português).

Observação: a linguagem do texto dissertativo-argumentativo costuma ser impessoal, objetiva e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a combinação da objetividade com recursos poéticos, como metáforas e alegorias. Predominam formas verbais no presente do indicativo e emprega-se o padrão culto e formal da língua.

O Parágrafo

Além da estrutura global do texto dissertativo-argumentativo, é importante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.

Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introdução.

Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a ideia-núcleo), a conclusão. Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.

ATIVIDADE
Redija um texto a partir das ideias apresentadas. Defenda os seus pontos de vista utilizando-se de argumentação lógica.

TEMA

"Eu não queria estar na sua pele." Com essa frase, dirigida ao vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, o presidente da TV Cultura, Jorge da Cunha Lima assinalou a imensa responsabilidade social que as emissoras de televisão têm, dada sua influência sobre o modo de pensar do brasileiro. Lima considerou a TV "o grande formador da alma brasileira", afirmando que a TV Cultura e a Rede Globo representam os dois paradigmas da comunicação audiovisual do país: "Eu não tenho medo de dizer que o futuro da TV brasileira vai ser o que nós dois vamos ser.” A seu ver a TV Cultura, por ser uma emissora pública (e, portanto, não ter compromisso com lucros), deve ser "palco de experiências para melhorar a programação" as quais podem ser aproveitadas mais tarde na TV comercial. Cunha Lima, que foi aplaudido de pé pelos participantes, completou sua apresentação reafirmando o papel formador da TV no Brasil: "Somos a única forma de entretenimento para milhões de pessoas, porque somos gratuitos" Mas ressaltou que a TV não pode substituir a escola: "A TV deve ser um instrumento de formação complementar do homem, informando-o e despertando seu gosto." (Natasha Madov, uol / aprendiz)

INSTRUÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO DA REDAÇÃO

A partir do texto proposto, desenvolva uma redação dissertativa-argumentativa, explorando o tema "As relações entre a TV e a formação do brasileiro".
Para a contextualização do tema, você poderá explorar as seguintes ideias:
• A orientação da TV educativa no Brasil segue três princípios: educar, informar e entreter.
• A TV comercial inverte esses princípios: entreter, informar e educar. Cabe ao enunciador do texto questionar o porquê dessa inversão.

Para ajudá-lo, você pode se valer das seguintes questões:

• Quais as responsabilidades sociais que as emissoras de televisão assumem no Brasil?
• Quais as influências que a TV exerce sobre o modo de pensar do brasileiro?
• Em que medida a TV é "o grande formador da alma brasileira"?

Na avaliação da sua redação, serão ponderados:

• A correta expressão em língua portuguesa.
• A clareza, a concisão e a coerência na exposição do pensamento.
• Sua capacidade de argumentar logicamente em defesa de seus pontos de vista.
• Seu nível de atualização e informação.
• A originalidade na abordagem do tema.



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